segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dica de Filme: "A Revolução dos Bichos" (Animal Farm).

Numa alegoria à corrupção do poder na União Soviética comandada por seu líder, Josef Stalin, o escritor George Orwell escreveu "A Revolução dos Bichos". Considerada um "best seller", a obra narra a história do fazendeiro Jones (Pete Postlephwaite). Um homem beberrão e cruel que explora seus animais. Revoltados com o proprietário, eles se organizam e o expulsam de seu lar. De posse da terra, os bichos passam a controlar o lugar, decretando uma série de novas regras. Mas na busca de uma sociedade ideal se vêem traídos pela opressiva atuação dos novos dirigentes, o socialismo/comunismo é chamado de "animalismo".

Recomendo que assistam esse filme os alunos do 9° ano e também aqueles que estão se preparando para o vestibular. A sátira sobre a Revolução Russa e o stalinismo é perfeita nessa obra. Tentem identificar os principais personagens reais (Lênin, Stalin, Trotsky, Beria) na trama. Eu, pessoalmente, ri muito com o "mausoléu" do porco, tal qual Stalin fez com o corpo de Lênin (clique aqui), e as deturpações das leis e reescrita da história empreendidos pelo PCUS sob os asseclas do "Homem de Ferro".

Mapa Histórico: Tratado de Tordesilhas e Capitanias Hereditárias.


Clique em uma das imagens para ampliar (e muito)

RESUMO:
Não permitindo que a Espanha dominasse sozinha o Novo Mundo encontrado no Além-Mar, Portugal exigiu a divisão das terras. Para evitar um conflito bélico, a Igreja Católica interveio entre as duas nações e propôs a divisão através de alguns meridianos. Primeiro foi a Bula Inter-Coetera, através de um meridiano situado a "100 léguas" a oeste do arquipélago do Cabo Verde, em 1493. Essa primeira divisão não agradou aos lusitanos o que levou a um novo acordo em 1494, o Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu um novo meridiano a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde.

Associando particulares à colonização do Brasil, o Estado Português buscava consolidar o seu domínio sem prejuízo dos interesses prioritários de outras áreas como a África e, sobretudo, a Ásia.

Inicialmente, devido a falta de participação direta do Estado lusitano, as capitanias e seus donatários sofreram para consolidar seus domínios e "pacificação" indígena.

O sistema das donatárias organizou as atividades produtivas, notadamente as da agromanufatura do açúcar e da pecuária, propiciou a fundação das primeiras vilas e o exercício das atividades jurídico-políticas e culturais.

Os privilégios concedidos aos capitães-mores eram limitados pelo Estado Absolutista e tinham seu exercício articulado à estrutura econômica dominantemente escravista cuja produção era destinada quase toda ao setor de consumo externo.

As capitanias hereditárias permaneceram até o século XVIII, quando foram abolidas nos reinados de D. João V e de D. José I.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Horror em vilarejo do Vietnã.

Em um ataque de fúria, soldados americanos mataram a sangue-frio 504 aldeões vietnamitas. A carnificina foi abafada por um ano
por Isabelle Somma

Era o dia 16 abril do agitado ano de 1968. Logo nas primeiras horas daquela manhã, os 120 soldados da Companhia Charlie receberam uma missão: “limp
ar” a aldeia de My Lai. Suspeitava-se que ali, no humilde vilarejo, estivessem escondidos alguns “gooks” – ou lodos, como os americanos chamavam os soldados inimigos. Pouco depois das 8 horas, dois pelotões invadiram o povoado, enquanto um terceiro ficou na retaguarda.

Em quatro horas, estava consumada a maior matança de civis da história da Guerra do Vietnã. Os combatentes dos Estados Unidos vasculharam as choupanas, onde se encontravam apenas mulheres, crianças e idosos. Centenas de tiros foram disparados sem alvo certo. As mulheres eram estupradas e mortas. Os homens, torturados e mutilados antes de serem assassinados a sangue-frio. A soldadesca ainda usou baionetas para inscrever “Companhia C” no peito das vítimas. No fim do espetáculo sangrento, o saldo: 504 aldeões abatidos de uma só vez sob a liderança do tenente William Calley.

O massacre de My Lay foi abafado pelos oficiais da companhia por quase um ano. O genocídio só veio a público em 1969, provocando reações de repúdio mundo afora. Durante as horas de atrocidades, não houve sequer um tiro que não tivesse saído das armas dos soldados americanos. Ou seja, a suspeita de que My Lai era esconderijo de combatentes do Vietnã do Norte era falsa. “Pressões psicológicas, medo, raiva e fraca liderança são elementos-chave para explicar tal comportamento brutal”, afirma o professor da Universidade Estadual da Califórnia, David L. Anderson, autor de Facing My Lai (“Encarando My Lai”, inédito no Brasil) e ex-combatente da Guerra do Vietnã. “Quando o massacre foi divulgado, mostrou o que o conflito estava causando a americanos e vietnamitas. Revelou também os rumos que a guerra tinha tomado em termos de objetivos e custos, e como era urgente um desfecho.”

Segundo o professor, o pelotão responsável pelo massacre estava há apenas três meses no Vietnã. Jovens e sem experiência de guerra, muitos soldados da Companhia Charlie entraram em pânico durante a carnificina. O único americano ferido foi um soldado que deu um tiro no pé para não ser obrigado a participar do show de horror que se descortinava à sua frente. Um piloto de um helicóptero que dava cobertura à operação, Hugh Thompson, pousou na frente de um dos pelotões pedindo para que parassem de atirar. Mesmo tendo causado asco em muitos dos combatentes da própria companhia, a verdade sobre o massacre demorou a aparecer. Ao reportar-se a seus superiores, o capitão Ernest Medina disse que haviam morrido apenas 20 civis na ação. De acordo com Anderson, os oficiais também deram ordem de silêncio à tropa. Mas, um ano depois, o recém-chegado Ronald Ridenhour ouviu o relato contado pelos colegas da Companhia Charlie. E, chocado, escreveu às autoridades revelando os bastidores de My Lai. A imprensa publicou a história.

Chegava ao fim a terrível farsa. De todos os oficiais que foram à corte marcial, apenas Calley saiu condenado. Ele teria de cumprir prisão perpétua. Mas não chegou sequer a ficar em uma cela. Durante três anos permaneceu em prisão domiciliar em um forte do exército, no Estado da Geórgia. Em 1974, sua pena acabou comutada para dez anos. E, no mesmo ano, foi perdoado pelo presidente Richard Nixon e libertado. “Era impossível para um tribunal determinar se houve ordens superiores para matar os aldeões. Mas é verdade que os comandantes responsáveis pelo planejamento e a liderança da operação deveriam ter evitado o massacre”, diz Anderson. O piloto Hugh Thompson, por outro lado, foi considerado um traidor durante anos, recebendo até ameaças de morte. O reconhecimento pelo ato de heroísmo chegou com mais de três décadas de atraso. Em março deste ano, seu nome entrou para o Hall da Fama da Aeronáutica norte-americana.

Existem alusões a esse massacre em algumas obras do cinema Hollywoodiano, como em Soldado Universal e outros, retratando a insanidade que tomou conta de alguns militares norte-americanos, como também os traumas sociais gerados pela Guerra do Vietnã como um todo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vídeo: Grandes Navegações.

PARTE 1:


PARTE 2:

Vídeo: Fenícios e Hebreus.

PARTE 1:


PARTE 2:

Vídeo: Mundo pós-guerra

Mais um vídeo da Fundação Roberto Marinho para auxiliar nos estudos, explora, resumidamente, os temas da Criação da ONU, Guerra Fria, Descolonização da África e algumas questões do Oriente Médio.

PARTE 1:


PARTE 2:

domingo, 4 de julho de 2010

O futebol nas ditaduras brasileira e argentina.

Em 1970, o Brasil ainda vivia sob a ditadura do regime militar, instaurado em 1964. O presidente era o general Emílio Garrastazu Médici, que governou o país de 1969 a 1974. Médici era da "linha dura", a ala mais radical dos militares que instauraram a ditadura. Seu governo foi, talvez, o mais repressivo da história política do Brasil, resultando na morte e tortura de centenas de oposicionistas, acusados ou suspeitos de "subversão".

Foi também um período em que parte da oposição decidiu partir para a luta armada, praticando atos de terrorismo, seqüestros de diplomatas estrangeiros para trocá-los por prisioneiros políticos e assaltos a banco, por muitos que atualmente estão no poder.

MILAGRE BRASILEIRO:

Apesar da repressão política, a economia brasileira crescia mais de 10% ao ano. Não que o crescimento da economia fosse obra do governo. Como foi um período de crescimento da economia mundial, a economia brasileira acabou se beneficiando. Houve um aumento dos empréstimos obtidos no exterior e dos investimentos estrangeiros no país. As exportações aumentaram, especialmente as de produtos agrícolas, como soja e laranja.

Naquela época, crescimento da economia significava também aumento da oferta de empregos na indústria. Foi uma época em que a classe média realizava seus sonhos comprando carros e eletrodomésticos. Foi nesse contexto político e econômico que a seleção brasileira conquistou a Copa do Mundo no México e o Brasil se tornou o primeiro país tricampeão.


FUTEBOL E PROPAGANDA POLÍTICA:
O governo Médici usou a propaganda como arma política. O presidente Médici era apresentado como um "homem do povo" e "apaixonado por futebol". A vitória da seleção brasileira sobre a seleção italiana por 4 a 1, na final, foi bastante explorada pela propaganda do governo Médici em slogans do tipo "Ninguém segura este país" ou "Brasil; ame-o ou deixe-o".


O técnico que classificou o Brasil para a Copa de 1970 foi João Saldanha, que acabou substituído por Mario Zagalo durante a competição. Alguns acreditam que a substituição de Saldanha por Zagalo teria sido resultado de uma suposta interferência de Médici. O então presidente da República teria dado palpite na escalação do time feita por Saldanha. O técnico teria respondido que Médici mandava nos ministérios, mas que quem mandava na seleção era ele (Saldanha).


FUTEBOL - O ÓPIO DO POVO:
Temendo que a vitória da seleção na Copa do Mundo fosse explorada pela propaganda do regime militar, o que acabou acontecendo, alguns intelectuais esquerdistas, opositores do Regime, afirmavam que o futebol era o "ópio do povo", pois faria a população se alienar, deixando de lutar pela solução dos problemas sociais. A expressão foi inspirada em Karl Marx. Era como ele considerava as religiões.
Muitos militantes de organizações de esquerda vieram a "rachar" seus partidos devido discordâncias sobre a celebração ou não das vitórias da seleção nas copas.

Porém, em 1974, a seleção brasileira decepcionou os torcedores, ao não conseguir repetir a conquista da Copa anterior. E o regime militar brasileiro também não conseguiu manter sua popularidade. Naquele ano, o aumento do preço do petróleo imposto pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) gerou uma crise econômica mundial que levou ao fim do chamado "milagre econômico". A inflação disparou no Brasil e os brasileiros sofreram com o aumento dos preços e o arrocho salarial.

1978 - A COPA NA ARGENTINA:

Em 1976, foi instaurada uma ditadura militar de extrema-direita na Argentina. No Brasil, os militares ficaram quase vinte e um anos no poder (de abril de 1964 a março de 1985). Na Argentina, os militares ficaram apenas sete anos (de março de 1976 a dezembro de 1983). Apesar de ter durado menos tempo, a ditadura portenha conseguiu ser muito mais violenta com a oposição.


O número de torturados, mortos e "desaparecidos" pelo regime argentino superou em muito o nosso regime militar, fazendo milhares de vítimas. Na América do Sul, a ditadura argentina só foi superada em violência e número de vítimas pelo regime ditatorial instaurado pelo general Augusto Pinochet no Chile, que governou o pais de 1973 a 1990.


ARGENTINA VENCE A COPA DE 78 EM CASA:

Em 1978, a seleção de futebol da Argentina venceu a Copa do Mundo em casa. Semelhante ao que ocorreu no governo Médici, quando a seleção brasileira conquistou o tricampeonato, a ditadura argentina aproveitou a conquista do título mundial para fazer propaganda e ganhar popularidade. Apesar de invicto, o time brasileiro perdeu a chance de disputar a final quando foi superado em saldo de gols pelo time da casa depois que a seleção da Argentina goleou a seleção do Peru (6x0).


A goleada atraiu suspeitas de fraude. Ainda hoje, muitos torcedores brasileiros suspeitam que houve "marmelada". Segundo essa versão, o time peruano teria sido subornado para "entregar" o jogo. Até o fato de o goleiro da seleção peruana, Ramon Quiroga, ser um argentino que se naturalizou peruano, contribuiu para aumentar as suspeitas. De qualquer modo, com ou sem trapaça, a seleção argentina venceu a seleção holandesa na final.

A seleção brasileira teve que se conformar com o terceiro lugar e com o título de "campeão moral". A Copa de 1978 também é lembrada pela partida que ficou conhecida como a "Batalha de Rosário", na qual brasileiros e argentinos se enfrentaram num jogo que terminou empatado (0x0).


ARGENTINA E INGLATERRA - RIVAIS NA GUERRA E NO FUTEBOL:

Em 2 de abril de 1982, para desviar a atenção da opinião pública dos problemas internos, o governo ditatorial argentino resolveu apelar novamente para o nacionalismo: iniciou uma guerra contra o Reino Unido pela posse das ilhas Falklands (a Guerra das Malvinas, com as ilhas são chamadas pelos argentinos).


O tiro saiu pela culatra: a guerra terminou com uma humilhante derrota para as forças armadas argentinas, cuja rendição se deu em 14 de junho do mesmo ano. Com a derrota militar para os britânicos, a opinião pública da Argentina se voltou contra o governo, que entrou em colapso. No ano seguinte, a ditadura chegava ao fim na Argentina. Curiosamente, a Guerra das Malvinas aumentou a rivalidade entre as seleções de futebol da Inglaterra e da Argentina (sem falar em briga de torcidas).


A rivalidade já existia antes da guerra e teria começado na Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra: numa das partidas, a seleção inglesa derrotou a seleção argentina por 1x0 num jogo marcado por uma arbitragem polêmica, que resultou na expulsão do então capitão do time argentino, Antonio Rattín, considerada injusta pela maioria dos torcedores argentinos.

MARADONA E A "MÃO DE DEUS":
Na Copa de 1986, realizada no México, que acabou vencida pela Argentina, os argentinos viram num jogo contra a seleção inglesa, uma chance de se "vingarem" da derrota na guerra. Dessa vez, os argentinos saíram vitoriosos (2x1). Foram dois gols de Maradona, o segundo foi legítimo, mas o primeiro foi feito com a mão. O craque argentino afirmou cinicamente que esse gol foi de cabeça, a mão que se viu era "de Deus".


Muita gente misturou (e ainda mistura, infelizmente) política e futebol, seja para fazer propaganda, seja para difundir a discórdia e o preconceito. No entanto, também é verdade que o futebol-arte supera as diferenças políticas e ideológicas. Um exemplo disso ocorreu em 1969 , durante uma excursão na África, o Santos de Pelé jogou dois amistosos no antigo Congo Belga: o pais estava dividido por uma guerra civil, mas os dois lados fizeram uma trégua para ver o "Rei" jogar.


Túlio Vilela, autor do texto, é formado em História pela USP, é professor da rede pública do Estado de São Paulo e um dos autores de "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula" (Editora Contexto).