quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Povos pré-colombianos: Astecas.

Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI.. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco.

Representação aérea da capital asteca (clique na imagem para ampliar)
A atual bandeira do México tem como brasão uma representação da lenda de fundação de Tenochtitlán. Seria uma imagem vista pelos fundadores que estavam a migrar em busca de um lugar ideal para se instalarem. Ao verem a cena da águia se alimentando de uma cobra, interpretaram como um sinal divino, o sacrifício de uma divindade, jogando seu sangue naquele solo que haveria de ser sagrado.

Monumento localizado no centro da Cidade do México; brasão e bandeira do México, respectivamente (clique nas imagens para ampliá-las)
A sociedade asteca era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército e da religião asteca. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Tinham também escravos, oriundos de conflitos com tribos próximas. Esta camada mais baixa da sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador e em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides). Os guerreiros de povos vizinhos derrotados, eram sacrificados no topo das pirâmides, em honra ao panteão asteca.

Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser formado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O império asteca começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os espanhóis, liderados por Hernan (ou Fernão) Cortez, dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro dos astecas. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas minas de ouro e prata da região. O próprio Cortez, em carta ao rei espanhol Carlos V, registrou a mortandade provocada pelos espanhóis. Com plena vantagem tecnológica, mas inferioridade numérica (3000 astecas contra 200 espanhóis), dizimaram toda a defesa de Tenochtitlán em apenas uma batalha, graças às armas de fogo (canhões - muitos nativos tinham pavor do barulhos das explosões, achavam que o "homem branco" dominava os trovões), espadas e cavalos, enquanto os nativos usavam ferramentas rústicas em comparação a superioridade européia.

Representação de um dos encontros entre o comandante espanhol Hernan Cortez e o imperador asteca Montezuma.
Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as "chinampas" (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate, cacau etc. A técnica das "chinampas" ainda é utilizada pelas populações ribeirinhas, de zonas alagadiças, do atual México. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas pelos astecas.

Esquema e foto das "chinampas".
O artesanato asteca era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com pinturas. A religião asteca era politeísta. Cultuavam diversos deuses da natureza (Deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e um dos principais deuses era representado por uma Serpente Emplumada (Quetzalcoalt). A escrita asteca era representada por desenhos e símbolos.

Quetzalcoalt
O calendário maia foi utilizado com modificões pelos astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia, as escadarias das pirâmides continham 365 degraus, uma alusão aos dias do ano.

Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos. Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes, além de garantir uma boa safra agrícola.

Representação, feita por um padre espanhol, no século XVI, sobre o ato dos sacrifícios humanos e foto da pirâmide maia de Chichen Itza.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Vídeo: Grécia Antiga.

PARTE 1:


PARTE 2:


PARTE 3:


PARTE 4:

Guerra de Secessão dos EUA.

Estados envolvidos na Secessão (Azul - União X Vermelho - Confederados)
"Nós não precisamos de uma outra guerra civil", diz a letra de 'Civil War', canção da polêmica banda de rock norte-americana Guns'n Roses, bastante popular nos anos 1980 e início dos anos 1990.

Trata-se de uma das várias referências à Guerra Civil Norte-Americana que podemos encontrar na cultura pop produzida nos Estados Unidos. E também de um dos vários exemplos de como essa guerra ficou gravada na memória coletiva do povo norte-americano.

Toda guerra é traumática, e isso é especialmente verdadeiro quando nos referimos a uma guerra civil. Não é à toa: uma guerra civil costuma ser o que chamamos de "conflito fratricida" (um conflito entre "irmãos").

Diferentemente do que ocorre nas guerras tradicionais, que costumam envolver lutas entre exércitos de países diferentes, numa guerra civil os exércitos inimigos são formados por soldados que são (ou eram antes do início do conflito) cidadãos de um mesmo país ou Estado.

No caso da Guerra Civil Norte-Americana, ela transformou compatriotas em inimigos enfrentando-se em campos de batalha. Para nós, brasileiros, esse conflito é um assunto que vale a pena ser estudado pelas seguintes razões:

  • permite-nos uma comparação entre as diferenças que marcaram os processos de abolição da escravidão nos Estados Unidos e no Brasil;
  • facilita a nossa compreensão da origem das diferenças entre as manifestações de racismo em relação aos ex-escravos e seus descendentes nos dois países ("racismo declarado" nos Estados Unidos e "racismo velado" no Brasil);
  • alerta-nos para a tragédia que poderia ser um conflito semelhante dentro do território brasileiro (é verdade que o Brasil já teve, no passado, conflitos que poderíamos classificar de "guerras civis", tais como a Revolução Farroupilha ou a Revolução Constitucionalista de 1932, mas nenhum na mesma extensão e duração do que ocorreu nos Estados Unidos).

GUERRA DE SECESSÃO:
A Guerra Civil Norte-Americana também é conhecida pelo nome de Guerra de Secessão. Uma secessão é uma separação, um rompimento. A origem do nome é a secessão dos Estados sulistas, que, durante o conflito, se separaram do resto país, rompendo com o governo federal sediado em Washington.

Um dos motivos da guerra foi a escravidão: os Estados sulistas defendiam a continuidade da escravidão, os Estados nortistas (em sua maioria) defendiam a abolição da escravidão. As tendências abolicionistas dos nortistas eram resultado mais de interesses econômicos do que de supostos sentimentos humanitários.

Uma prova disso é que o presidente Abraham Lincoln (1809-1865) era, antes da guerra, bem mais "moderado" em suas opiniões a respeito da escravidão: apesar de contrário a essa idéia, para ele, cabia a cada um dos Estados, e não ao governo federal, decidir se mantinha ou abolia a escravidão em seus respectivos territórios.

Com o tempo, Lincoln mudou de opinião e tornou-se um ferrenho defensor da abolição. Apesar disso, Lincoln, tal como a maioria dos homens brancos de sua época (não apenas dos Estados Unidos, mas também da Europa) acreditava na superioridade da "raça branca": considerava os negros culturalmente inferiores aos brancos e considerava a miscigenação um "mal a ser evitado".

Nada disso impediu que Lincoln fosse retratado de forma idealizada nos livros didáticos norte-americanos, algo muito semelhante ao que ocorreu com a figura da Princesa Isabel em nossos antigos livros didáticos.

DIFERENÇAS ECONÔMICAS ENTRE O SUL E O NORTE:
Havia fortes diferenças entre o sul e o norte dos Estados Unidos. O sul era caracterizado por uma economia agrária e voltada para exportações, que se caracterizava pela exploração de mão-de-obra escrava (cerca de 4 milhões de escravos trabalhavam nas plantações de algodão sulistas).

Além disso, os fazendeiros sulistas se diziam defensores do livre mercado (isso atendia os interesses dos fazendeiros sulistas, pois sua produção de algodão era voltada principalmente para o mercado externo). A elite sulista também defendia o livre comércio para continuar consumindo produtos importados como roupas e ferramentas. Além de ter uma grande parcela de católicos, herdeiros da perseguição anglicana.

Por sua vez, o norte era industrializado e protecionista, com uma economia baseada na exploração de mão-de-obra assalariada e voltada principalmente para o mercado interno. A elite nortista era a favor da cobrança de taxas alfandegárias maiores para os importados, o que os tornaria mais caros e favoreceria a venda dos produtos industrializados do norte no restante do país. Como também era majoritariamente ligada a diversas correntes protestantes da Europa, com exceção do anglicanismo.

Lá, como na Inglaterra da época (que num período anterior também se enriqueceu com o negócio do tráfico de escravos), a escravidão era condenada pela elite econômica local que a consideravam um obstáculo para seus interesses financeiros.

Utilizar trabalho escravo era visto como uma concorrência desleal, pois os senhores ao não pagarem salários, poderiam vender seus produtos a um preço mais baixo. Vale lembrar que nos Estados do norte também havia fazendeiros que já empregavam trabalhadores assalariados em suas fazendas.

Em suma, o mesmo tipo de crítica que se faz hoje às empresas chinesas que praticam o dumping: na China, a ausência de encargos trabalhistas para os empresários e os salários baixíssimos tornam os produtos chineses muito mais baratos que os similares produzidos por países onde existem leis trabalhistas mais rígidas (salário mínimo estipulado por lei, previdência social, existência de sindicatos etc.).

Além disso, ao usar maciçamente mão-de-obra escrava, os fazendeiros sulistas estavam reduzindo consideravelmente o número de possíveis consumidores para os produtos industrializados do norte.

INTERESSES ECONÔMICOS E ABOLICIONISMO:
Que os interesses econômicos guiaram a defesa da abolição pelo norte não resta dúvida. No entanto, isso não significa que muitos abolicionistas não tenham sido motivados por razões humanitárias.

Em 1833, William Garrison e outros líderes abolicionistas do norte dos Estados Unidos fundaram a Sociedade Americana contra a Escravidão, que propunha a abolição da escravidão sem qualquer indenização aos ex-proprietários. Aos poucos, o abolicionismo foi ganhando adeptos nos Estados Unidos.

O fato de um grande número de pessoas livres passar a considerar a escravidão algo imoral e um mal a ser eliminado é historicamente significativo. Trata-se de uma mudança de mentalidade que não pode ser desprezada. Durante séculos, em diferentes contextos, a escravidão foi considerada algo "natural".

Um dos fatores que contribuiu para a difusão de idéias abolicionistas nos Estados Unidos foi o grande sucesso alcançado junto ao público pelo livro "A Cabana do Pai Tomás" (no original Uncle Tom's Cabin), lançado em 1852, de autoria da romancista norte-americana Harriet Beecher Stowe.

O romance melodramático descrevia a dura vida dos escravos no sul dos Estados Unidos e tinha como personagem principal Tomás, um escravo idoso de grande bondade. O livro vendeu um milhão de exemplares em dois anos (um recorde para os padrões da época).

Assim como hoje, telenovelas podem influenciar a opinião pública brasileira sobre assuntos diversos e polêmicos (tais como preconceito em relação a portadores da Síndrome de Down), "A Cabana do Pai Tomás" comoveu muitos leitores da elite branca do norte, chamando a atenção desses para o drama real vivido pelos negros no sul.

Curiosamente, a autora do livro jamais havia posto os pés no sul e não conhecia um negro sequer. Esse fato lhe rendeu muitas críticas por parte dos escravistas do sul. Por outro lado, nos dias de hoje, esse romance também é visto com antipatia por parte da comunidade negra norte-americana: entre os negros, Uncle Tom virou gíria depreciativa, usada para se referir ao indivíduo negro que aceita ser submisso e bajula os brancos.

RESUMO GERAL
1. Conceito
* Também chamada de Guerra Civil Americana, foi um conflito envolvendo o norte e o sul dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865.


2. Diferenças entre o norte e o sul
* Podemos dizer que a Guerra de Secessão ocorreu por diferenças econômicas entre o norte e o sul dos Estados Unidos.
* Estas diferenças começaram a se tornar evidentes desde o processo de colonização, se intensificando após a independência, em 1776.
* Características das duas regiões:
1- Norte : clima temperado, economia baseada na indústria e no livre mercado, produção para o mercado interno, trabalho livre, policultura, minifúndio.
2- Sul : clima tropical, economia baseada na agricultura, produção p
ara a exportação, trabalho escravo, monocultura e latifúndio.

3. Eleição de Abraham Lincoln

* O sul dependia da escravidão como forma de mão-de-obra na lavoura. O norte, por sua vez, desejava o fim da escravidão para aumentar o mercado consumidor, fortalecendo a sua indústria.
* Além das visíveis diferenças entre a região norte e sul dos Estados Unidos, a eleição de Abraham Lincoln , em 1860, também foi determinante para o início da guerra.
* Isto porque Lincoln foi eleito pelo norte e tinha uma postura antiescravagista, ou seja, totalmente oposto aos interesses do sul.
* Assim, alguns estados do sul resolveram criar um estado independente. Foi o início da guerra.

4. A guerra

* A guerra em si ocorreu porque, enquanto o sul desejava a separação, o norte lutou para manter a unidade do país.
* O sul se autodenominava Confederados , enquanto o norte era conhecido como Ianques .
* Considera-se que a vitória do norte ocorreu, entre outros motivos, devido à superioridade da tecnologia bélica e a libertação dos escravos, que desestabilizou as tropas do sul.
* É considerada a primeira guerra moderna, utilizando blindados, trincheiras, ferrovias e até metralhadoras. A guerra deixou um saldo de, aproximadamente, 600 mil mortos.

5. Consequências
* Podemos destacar algumas consequências importantes desta guerra:
1- Abolição da escravidão nos Estados Unidos, em 1863, o que intensificou a campanha abolicionista em outros países, como o Brasil.
2- Criação da Ku-Klux-Klan , em 1867, uma seita racista criada por fazendeiros do sul, e que existe até hoje.

3- Processo de industrialização dos Estados Unidos, que possibilitou sua posterior transformação em potência mundial, dentro e fora da América.