quarta-feira, 13 de abril de 2011

Império Bizantino

O Império Bizantino, inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395) como o império dominante do Mar Mediterrâneo.

Divisão do Império Romano em Ocidente e Oriente.

Sob Justiniano, considerado o último grande imperador romano, dominava áreas no atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas ilhas, Península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Criméia, no Mar Negro.

Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com Justiniano, mas o imperador da dinastia Macedônica, Basílio II "Bulgaroctonos" (Mata-Búlgaros), também contribuiu para o crescimento do império, entre os séculos IX e X. A sua regressão territorial gradual delineou a história da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da Idade Média.
Afresco do imperador Basílio II (mata-búlgaros). Recebeu tal alcunha devido o cruel contra-ataque contra os búlgaros. Todos os sobreviventes retornaram cegos, gerando gastos ao reino inimigo.

ORIGEM

O embrião do Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à Ásia. Além disso, havia muito os imperadores de Roma já não mais usavam esta cidade como capital, por ser muito distante das fronteiras.

Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao Leste a as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos estreitos. A nova capital, batizada de Constantinopla, unia a organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino.

Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra grego significava, de maneira injuriosa, pagão.

Os persas e os árabes também chamavam os bizantinos de romanos. A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo nome da capital bizantina, Constantinopla, ou Nova Roma. Este termo bizantino começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade.
Extensão máxima do Império (século VI)

EVOLUÇÃO

Nos séculos III, IV e V, o Império Romano viveu uma desastrosa crise em suas estruturas. Nesse período, ocorreu um notável processo de concentração de terras no Oriente, em que os pequenos proprietários confiavam seus lotes à proteção de latifundiários, muitos dos quais, em função do prestígio, passavam a ocupar importantes cargos do governo.

Já se destacava a estabilidade do Império no Oriente, o que levou Constantino a ordenar, em 324, a construção de uma nova cidade no lado europeu do Bósforo. A cidade foi erguida no local da antiga Bizâncio, colônia fundada por gregos de Mégara em 657 a.C. Consagrada à Virgem Maria, foi inaugurada com o nome de Constantinopla, em 330.

Constantinopla tinha uma posição privilegiada. Entre os mares de Mármara, Negro e Egeu, constituiu, ao longo de sua história, um verdadeiro entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente.

Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial.

De 395 a 457, estendeu-se a dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio, responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de seis mil libras de ouro.

De 457 a 518, estendeu-se a dinastia Leonina, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a efeito entre o imperador Zenão e o rei dos ostrogodos, Teodorico.

A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador Justiniano (527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão típica do Império dos Antoninos (96-192). Em 534, sob o comando do general Belisário, o exército de Justiniano conquistou o Reino dos Vândalos. Em 554, na Itália, o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos.
Mosaico representando Justiniano e sua cúpula militar e religiosa (alegoria cesaropapista)
Mosaico de Justiniano com idade mais avançada.
Para a posteridade, porém, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civili, base, ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. Inseriu noções cristãs de convivência nas leis.

O Corpus Juris Civili era dividido em quatro partes: o Código Justiniano - compilação de todas as leis romanas desde Adriano (117-138) -, o Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de jurisprudência de grandes juristas -, as Institutas - espécie de manual que facilitava o uso do Código ou do Digesto -, e as Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por Justiniano e seus sucessores.

Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia (Hagia Sophia), com estilo arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino, destacando gigantesco domo central, inovação arquitetônica do período. Santa Sofia é considerada o maior templo cristão até a Renascença (séculos XV-XVI). Com o domínio otomano foi transformada em mesquita. Hoje é um museu mantido pela UNESCO, devido, principalmente, ao sincretismo cristão, muçulmano e oriental dos seus adornos.
Basílica de Hagia Sophia, reparem nos quatro "minaretes" muçulmanos, frutos do domínio turco.
No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o Patriarca de Alexandria, Dióscoro, desenvolveu o monofisismo (doutrina que considera Cristo como unicamente divino, não humano), formulação teológica também condenada pela Igreja Católica e muito ligada a ideais de emancipação política no Egito e na Síria.

Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no entanto, pela esposa de Justiniano, a atriz Teodora. Buscando manter a unidade do Império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de conciliação entre o monofisismo e o nestorianismo.

O cesaropapismo de Justiniano, que inclusive muito marcou o Império Bizantino, gerava distúrbios na ordem e insatisfação da população, já indignada com a cobrança abusiva de impostos. Em 532, estourava a Revolta de Nika, sufocada completamente pelo general Belisário após oito dias, executando cerca de 35 mil envolvidos.

Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após sua morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em 568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravena, os ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília.

Os Justinianos ainda enfrentaram as investidas do Império Persa Sassânida, no Oriente, e dos ávaros, no norte. Para tanto, deixaram para segundo plano a proteção dos territórios conquistados na Espanha, no norte da África e na Itália, o que facilitou a posterior fixação, nestas regiões, dos maometanos e dos Estados da Igreja.

O CISMA CRISTÃO:
A separação entre a Igreja católica de Roma e a Igreja católica do Oriente, que abrangia Constantinopla, Grécia e Ásia Menor ocorreu em 1054. Discordando da adoração de imagens de santos e figuras divinas (a Iconoclastia), a ala oriental da Igreja Católica fundou uma nova prática cristã com a Igreja Católica Ortodoxa Grega, ou Igreja Católica Apostólica Ortodoxa. Essa é uma religião existente até hoje, com algumas crenças e rituais diferentes da Igreja Católica Romana, com presença marcante na Europa Oriental (ex-URSS), Grécia e Ásia, mas com alguns templos direcionados a imigrantes dessas regiões no Ocidente.

Catedral Ortodoxa em São Paulo, muito visitada por imigrantes turcos, gregos, armênios, russos e ucranianos.
Assim, ao irem se definindo as crenças e práticas que os cristãos deveriam obedecer, a Igreja romana passou a perseguir os que não compartilhavam dessa postura. A tentativa de controlar as mentes das populações sob seu domínio, aumentando seu poder de influência e sua riqueza, fez com que a Igreja Católica usasse de todos os meios para se impor.

Um desses meios foi a própria doutrinação religiosa. Como as pessoas eram proibidas de terem outras religiões que não a católica, freqüentar os cultos nas igrejas e praticar os ritos católicos eram as únicas manifestações culturais permitidas. As igrejas, como templos de Deus, funcionavam como um meio das pessoas serem instruídas na fé e temerem a ira divina sobre aqueles que pecavam, abrindo caminho para os "crimes" de heresia e as punições da Inquisição medieval (século XII).

CRISE E FIM DO IMPÉRIO:
No início do século XV, o governo de Constantinopla não conseguiu reagir aos ataques turco-otomanos. Em 1453 a capital foi tomada pelos árabes, desestruturando toda a antiga organização bizantina. O Império Turco-Otomano controlou o território até o século XIX. Atualmente a antiga cidade de Bizâncio/Constantinopla recebe o nome de Istambul, o mais rico centro urbano da Turquia, ainda de grande importância pela sua posição estratégica entre o Ocidente (Europa) e Oriente (Ásia).

COMPLEMENTE O ESTUDO COM ESSE DOCUMENTÁRIO DO HISTORY CHANNEL:

PARTE 1:


PARTE 2:


PARTE 3:


PARTE 4:


PARTE 5:

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