sábado, 15 de maio de 2010

Guerra Fria: Camboja, um dos passados obscuros do comunismo.

No dia 17 de abril de 1975, os membros do Khmer Vermelho ocuparam Phnom Penh, capital do Camboja, sem resistência e em poucas horas esvaziaram completamente a cidade, em um primeiro ato de um regime de terror que deixaria mais de três milhões de mortos.

A 'gloriosa revolução' da Kampuchea (Camboja) Democrática, dirigida pelo irmão número um, Pol Pot, entrou em marcha e os soldados de negro do novo poder esvaziam à força Phnom Penh e todas as cidades, considerados símbolos de toda a corrupção do regime de Lon Nol apoiado pelos Estados Unidos. "O novo povo deve ser purgado de todos os seus vícios" era o lema da revolução. Em um dia, os quase dois milhões de habitantes da capital foram obrigados a partir para os campos, por 'alguns dias', segundo os membros do Khmeres Vermelhos, para se proteger de bombardeios americanos que nunca aconteceram. A Angkar, "a Organização" dirigida por Pol Pot - com Nuon Chea, Khieu Samphan, Ieng Sary, Son Sen e Ta Mok - aplicou uma ideologia ultranacionalista e comunista extremista, de orientação maoísta. Por isso, os membros do Khmer Vermelho, cujos chefes se formaram no estrangeiro, sobretudo na França, impuseram progressivamente a eliminação da família, a abolição da religião e do dinheiro.

Segundo o partido, era um meio de criar um homem novo em uma sociedade rural absolutamente igualitária. Em nome de uma utopia agrária, a população passou fome e todo o povo foi explorado em trabalhos forçados para produzir arroz e construir gigantescas obras.

Aqueles que não se submetiam às ordens do poder central eram torturados, executados, deportados ou postos sob uma vigilância rígida e a uma depuração étnica ou ideológica, no caso de vietnamitas, chineses ou muçulmanos. Em três anos, oito meses e 20 dias, quase dois milhões de cambojanos morreram sob a tortura, a fome, doenças em geral, esgotamento ou por punições no interior do regime. Cerca de 30% da população do Camboja. Pol Pot esteve no poder entre 1975 e 1979. Foi um regime excepcionalmente brutal, num século em que não faltaram concorrentes. Durante duas décadas, Pol Pot pairou como um fantasma maligno. Misterioso e arredio, mal aparecia, mesmo na chefia.

No final de 1978, 50 mil soldados vietnamitas invadiram o Camboja depois de uma série de ataques do Khmer Vermelho contra o território do Vietnã, derrubando um regime minado por lutas internas e deserção em massa. Nesta época, começa a se conhecer a magnitude do genocídio e das atrocidades cometidas pelo regime de Pol Pot, registrando os campos de concentração e as milhares de ossadas espalhadas pelo país, pois faltava quem as enterrasse.

Contudo, os interesses estratégicos das grandes potências permitem que 30 anos depois vários dos ex-líderes do Khmer Vermelho, responsáveis pelo genocídio, consigam evitar a Justiça.

Em 2003, as Nações Unidas e o Camboja concordaram no final de seis anos de difíceis negociações, a organizações de uma corte especial mista - cambojana e internacional - para julgar os responsáveis por genocídio. No entanto, as organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram que o tribunal e sobretudo os juízes cambojanos seriam submetidos a pressões políticas em um país onde a Justiça é notoriamente corrompida.

A nível internacional, dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China, que foi o apoio ideológico do Khmer Vermelho, e os Estados Unidos, rejeitaram participar financeiramente no processo e os rearmaram em nome das imperativas estratégias da Guerra Fria. Inclusive a ONU seguiu reconhecendo o regime do Khmer Vermelho vários anos depois de ter sido expulsa pelo corpo expedicionário vietnamita e depois de serem conhecidas amplamente as atrocidades que haviam cometido.

Chamar Pol Pot de monstro ou compará-lo a Adolf Hitler, pelo furor assassino, é um recurso de linguagem para explicar as dimensões do mal provocado. O perigo é deixar de dizer que Pol Pot não agiu sozinho. Se viveu até morrer docemente numa cama com mosquiteiro, foi porque soube tirar vantagem da geopolítica da Guerra Fria e ser aceito como um obstáculo importante ao expansionismo soviético na Ásia. Até as eleições supervisionadas pela ONU em 1993, o Khmer Vermelho era reconhecido pelos Estados Unidos como o governo legítimo do país, enquanto o Camboja, sob intervenção vietnamita, sofria pesadas sanções internacionais. Ocupava uma cadeira nas Nações Unidas e participava ativamente em seus organismos, como a Unesco. A China continuou fornecendo-lhe armas até 1990 e a Tailândia ainda lhe dá certo apoio logístico. A partir de 1979 nenhum país podia argumentar ignorância sobre o genocídio cometido pelo regime do Khmer Vermelho. Pol Pot morreu em 1998 e escapou da Justiça. Somente dois dos ex-dirigentes estão presos, os outros vivem livres em Phnom Penh ou nos antigos redutos da guerrilha no noroeste do Camboja.

Mais de 30 anos depois, o Camboja segue com a eliminação de setores de sua sociedade e um silêncio cúmplice sobre um dos piores genocídios do século XX, que não figura nos programas escolares.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Guerra Fria: O Muro de Berlim (resumo e vídeo).

BREVE HISTÓRICO:

O Muro de Berlim foi criado no dia 13 de agosto de 1961. O objetivo de sua construção, a grosso modo, foi separar Berlim ocidental - sob tutela dos Estados Unidos -, e Berlim oriental - sob tutela da União Soviética. Tal muro foi construído no contexto da Guerra Fria, conflito entre os Estados Unidos, que representava o bloco capitalista, e a União Soviética, que representava o bloco socialista.

Desta forma, a construção do muro foi símbolo da divisão do mundo entre os dois blocos. Sua queda representou o começo do fim do socialismo na União Soviética e, consequentemente, da Guerra Fria.

CURIOSIDADES:

A estrutura do muro foi construída na madrugada do dia 13 de agosto de 1961. Quando a população da parte ocidental acordou, boa parte do muro já estava construída.

O muro contava com uma estrutura para assegurar o isolamento dos dois lados, a saber:

- 66,5 km de gradeamento metálico;
- 302 torres de observação;
- 127 redes metálicas eletrificadas com alarme;
- 255 pistas de corrida para cães de guarda;

Este muro provocou a morte de 80 pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas tentativas de atravessar.

VÍDEO (RECRIAÇÃO DO MURO) DA DEUSTCHE WELLER:

Vídeo de apoio: Egito Antigo.

Mais uma teleaula da Fundação Roberto Marinho sobre a história de uma das mais importantes civilizações do Crescente Fértil, o Egito Antigo.

PARTE 1:



PARTE 2:

sábado, 1 de maio de 2010

História do Dia do Trabalho.

Por volta de 1770, na Inglaterra, surgiram as primeiras indústrias. O trabalho artesanal foi substituído pelas máquinas e, por isso, muitas pessoas ficaram desempregadas, especialmente após as privatizações dos antigos open fields, terras públicas do Estado inglês, criando as enclosures, forçando o êxodo rural e inchando as zonas urbanas.

Era o início da Revolução Industrial, que em pouco tempo estendeu-se por toda a Europa e Estados Unidos. Além das novas técnicas de produção, surgiram novas formas de relação e organização entre a classe trabalhadora.

Durante muitos anos, os operários das fábricas da Europa e dos Estados Unidos sofreram com a falta de leis que garantissem os seus direitos, como a redução do horário de trabalho, salário justo, segurança no trabalho, descanso semanal, férias e aposentadoria.

Os operários manifestavam o seu descontentamento contra os patrões promovendo greves e rebeliões. No dia 1º de maio de 1886, em Chicago, um dos principais pólos industriais dos Estados Unidos, houve uma violenta manifestação de protesto e alguns operários foram presos e condenados à morte.

No ano de 1889, em memória dos operários que morreram, associações e sindicatos europeus e norte-americanos escolheram o dia 1º de maio para a classe trabalhadora manifestar suas reivindicações. A partir desse ano, essa data começou a ser comemorada em vários lugares do mundo como o Dia do Trabalhador. Em alguns países, as comemorações ocorrem em datas diferentes, como nos Estados Unidos, em que o feriado é celebrado na primeira segunda-feira de setembro.

No Brasil, em 1894, um grupo foi preso por tentar comemorar sem sucesso o Dia do Trabalho. Somente um ano depois, em 1895, ocorreu a primeira celebração da data no país, organizada pelo Centro Socialista de Santos.

Durante a Primeira República (de 1889 a 1930), essa data foi escolhida para o início de greves importantes. No governo Vargas (1930 - 1945), a data foi utilizada pelo Estado para promover as propagandas sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas, como também para exaltar a imagem do presidente, idealizando-o como "pai dos pobres", "protetor dos trabalhadores".

Nos países socialistas, como a ex-URSS, a data tornou-se um dos poucos feriados nacionais, contando inclusive com desfiles militares, para fortalecer os ideais comunistas perante os cidadãos.

Com o passar dos anos, as comemorações do 1° de Maio se diversificaram. Além de ser uma data de reivindicação dos trabalhadores, e dos sindicatos, tornou-se também ocasião para descanso, festas, bingos, discursos sindicalistas, churrasco e bebedeiras.