sábado, 12 de fevereiro de 2011

Maçonaria no Brasil.

Trata-se de uma associação semi-secreta, difundida no mundo todo, que adota os princípios de fraternidade e da filantropia entre seus membros. Seus membros afirmam que foi fundada ainda no Egito Antigo, responsáveis pela construção de grandes obras de todas as eras, como também fizeram parte dos Templários medievais, combatidos pela Igreja Católica. Porém, segundo pesquisas, tal associação surgiu em meados do século XVI, na Inglaterra, ou durante a Revolução Francesa, como fruto da união entre alguns intelectuais e trabalhadores da construção civil: engenheiros, arquitetos, pedreiros. A maçonaria discrimina as mulheres, sendo composta principalmente por profissionais liberais, que se iniciam através de rituais incluindo juramentos de fidelidade (com o iniciante - neófito - vestido como um herege julgado pela Inquisição) e uma série de simbolismos, onde a moral, a fraternidade e a retidão são representadas pelo livro sagrado, pelo compasso e pelo quadrado, além da presença de colunas em alusão ao palácio de Salomão (teoricamente construído por pioneiros maçons) e pisos negros e brancos, como um xadrez, lembrando que a alma humana é formada por sentimentos positivos e negativos, indissociáveis, nos seus templos.

Alguns dos símbolos maçônicos e os trajes de cerimoniais de um neófito (iniciante).

No cotidiano os maçons se comunicam através de sinais secretos, senhas e cumprimentos especiais. A maçonaria não é uma seita religiosa, embora o único obstáculo para aceitação de um novo membro seja o ateísmo, já que os maçons professam a crença em um ser supremo de características racionais, o GAU (Grande Arquiteto do Universo). Ela é supra-religiosa, pois são aceitos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas e qualquer homem de fé.

Desde a crise do Antigo Sistema Colonial, a maçonaria está presente em nossa história, destacando-se inicialmente, entre alguns revolucionários da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana no final do século XVIII. Nesse período que antecede a Independência, a maçonaria assumiu uma posição avançada, representando um importante centro de atividade política, para difusão dos ideais do liberalismo iluminista anticolonialista. Sua influência cresceu consideravelmente durante o processo de formação do Estado Brasileiro, onde apareceu como uma das mais importantes instituições de apoio à independência, permanecendo atuante ao longo de todo período monárquico no século XIX. Nesse processo, a história do Brasil Império é também a história da maçonaria, que vem atuando na política nacional desde os primeiros movimentos de independência, passando pelos irmãos Andradas no Primeiro Reinado, até as mais importantes lideranças do Segundo Império, no final do século XIX, e nos círculos políticos do Movimento Republicano, junto aos positivistas do Exército.


Alguns dos símbolos mais famosos da maçonaria presentes nas notas de dólar americano: A Pirâmide e o Olho Que Tudo Vê.

Apesar da maçonaria estar presente no Brasil desde a Inconfidência Mineira no final do século XVIII, a primeira loja maçônica brasileira surgiu filiada ao Grande Oriente da França, sendo instalada em 1801 no contexto da Conjuração Baiana. A partir de 1809 foram fundadas várias lojas no Rio de Janeiro e Pernambuco e em 1813 foi criado o primeiro Grande Oriente Brasileiro sob a direção de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva. A lusofobia (aversão aos portugueses) tão presente nos movimentos de emancipação, também caracterizava a maçonaria brasileira, que desde seus primórdios não aceitava se submeter ao Grande Oriente de Lisboa. Como em toda América Latina, no Brasil a maçonaria também se constituiu num importante veículo de divulgação dos ideais do Iluminismo e de independência, sendo que em maio de 1822 se instalou no Rio de Janeiro o Grande Oriente Brasiliano ou Grande Oriente do Brasil, que nomeou José Bonifácio de Andrada e Silva o primeiro grão-mestre da maçonaria do país.


Encontro de maçons

Com D. Pedro I no poder, o Grande Oriente do Brasil foi fechado, ressurgindo apenas com a abdicação do imperador em 1831, tendo novamente José Bonifácio como grão-mestre. Nesse mesmo ano ocorre a primeira cisão na maçonaria brasileira, quando o senador Vergueiro funda o Grande Oriente Brasileiro do Passeio, nome referente à rua do Passeio, no Rio de Janeiro. A divisão enfraqueceu a maçonaria, que começou a perder influência no quadro político do Império brasileiro. Essa situação agravou-se em 1864, quando o papa Pio XI, através da bula Syllabus, proibiu qualquer ligação da Igreja com essa sociedade. No contexto de crise do Império brasileiro, esse quadro tornou-se mais crítico em 1872, quando durante uma festa em comemoração à lei do Ventre-Livre, o padre Almeida Martins negou-se a abandonar a maçonaria, sendo suspenso de sua atividade religiosa pelo bispo do Rio de Janeiro. Essa punição tinha sido antecedida por um discurso feito pelo padre Almeida Martins na loja maçônica Grande Oriente, no qual o religioso exaltou a figura do visconde do Rio Branco, que, além de primeiro-ministro, era grão-mestre da maçonaria. Neste processo, o bispo de Olinda, D. Vital e o de Belém, D. Macêdo determinam o fechamento de todas irmandades que não quiseram excluir seus associados maçons. A reação do governo foi rápida e enérgica, quando em 1874, o primeiro-ministro, visconde do Rio Branco, determinou a prisão dos bispos seguida de condenação a quatro anos de reclusão com trabalhos forçados. Apesar da anistia concedida no ano seguinte pelo novo primeiro-ministro duque de Caxias, a ferida não foi cicatrizada e o Império decadente junto com a maçonaria que o sustentava, perdiam o apoio do clero e da população, constituindo-se num importante fator para queda do obsoleto regime monárquico e para separação do mesmo com a Igreja, formando assim a chamada Questão Religiosa do fim do Império, junto com a Questão Militar e o abolicionismo.


Capa de uma das publicações da Editora Abril com importantes maçons: Winston Churchill, D. Pedro I e George Washington.

No período republicano a maçonaria conseguiu crescer e diversificar suas atividades pelo país, apesar de ter perdido o poder de influência no Estado brasileiro. Nesse final de século, a maçonaria permanece como uma associação, que apesar de defender os princípios de fraternidade (principalmente com ajuda mútua entre membros) e filantropia, exclui, mesmo que de forma não assumida, a participação das camadas sociais menos abastadas entre seus membros.


Fachada da maior Loja Maçônica (templo) do RN, em Candelária, Natal.

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