sábado, 27 de março de 2010

Análise sobre "O Grito do Ipiranga".

No imaginário brasileiro, tão célebre quanto o grito de dom Pedro às margens do rio Ipiranga é o quadro pintado por Pedro Américo para representar aquele momento decisivo em que Brasil se separava de Portugal oficialmente.

Nele, como se pode ver pela reprodução abaixo, nosso primeiro imperador ergue a espada num gesto de desafio que conta com o apoio resoluto dos civis que o seguem e nas tropas reunidas ao seu lado.
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Por mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade. No livro "O Brado do Ipiranga", a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira, faz uma análise detalhada da pintura evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. Aliás, o próprio Pedro Américo já havia escrito sobre o assunto um livreto,chamado "Algumas Palavras acerca do Fato Histórico e do Quadro que o Comemora". Nele o artista afirma que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor", justificando sua imaginação criadora.

Antes de mais nada é interessante apontar, para quem não sabe, as diversas inverdades estampadas na tela. Para começar vale dizer que os fogosos corcéis montados por D. Pedro I e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas - um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam. Eles tinham acabado de subir a serra do Mar, vindos de Santos.

Numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados. Com toda certeza estariam usando trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos do pó e da lama do caminho. Para piorar, o próprio dom Pedro não poderia estar tão exaltado e bem disposto assim como o artista o representa. Afinal,ele havia parado naquele local em função de uma diarréia que o atormentava, devido aos seus excessos alimentares em Santos, na véspera.

Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor "desviou" o curso do riacho. A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local. Finalmente, quanto à casa de pau-à-pique entrevista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito. Embora tenha sido tombada pelo Condephaat e fique aberta à visitação no Parque da Independência, o documento mais antigo que menciona a casa atual data de 1884 - 62 anos depois do grito da Independência.

Na verdade, o imenso painel pintado por Pedro Américo, que tem 7,60m de comprimento por 4,15m de altura, foi pintado em Florença, na Itália, entre 1886 e 1888. Entre sua concepção e seu acabamento, perpassam uma série de interesses políticos, que se relacionam ao declínio da monarquia brasileira e até aos ideais republicanos do pintor, embora este fosse protegido de D. Pedro II.

Houve também o atraso da construção do edifício-monumento onde o quadro se encontra entronizado até hoje, o Museu Paulista, inaugurado em 7 de setembro de 1895, quase seis anos depois da proclamação da República. Por fim, sobre a tela de Pedro Américo, paira também uma suposição de plágio: a estrutura da cena é muito semelhante à do quadro "1807, Friedland", de Ernest Messonier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome.
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quarta-feira, 24 de março de 2010

História da Páscoa.

A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim "Pascae". Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como "Paska". Porém sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo "Pesach", cujo significado é passagem.



Páscoa judaica.

Entre as civilizações antigas, historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás, principalmente na região do Mediterrâneo. Algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

Existem também evidências de que a celebração pascoal tem origens ainda mais antigas, entre os povos mesopotâmicos, através do culto a deusa Ishtar ("Eostre" ou "Easter" em mitologias anglo-saxãs, germânicas ou nórdicas), deusa da fertilidade e da primavera
. Esses povos praticavam um ritual importante no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Um resquício por trás desse antigo ritual talvez seja o dos ovos de Páscoa, embora não exista uma prova concreta associando os dois rituais. De qualquer forma, em muitas culturas o ovo é considerado um símbolo de fertilidade.


Ishtar, a origem da páscoa e o sentido dos símbolos de fertilidade.

Grande parte das tradições do feriado de Páscoa está contida nos rituais pagãos, que gerou grande variedade de lendas e costumes que passaram a fazer parte da celebração atual.
 
Na realidade não existe uma “páscoa” pagã, e sim a festa e a celebração da chegada da Primavera celebrada pelos antigos povos pagãos da Europa e outras regiões. Muito antes do nascimento de Cristo as tribos pagãs da Europa adoravam a bela deusa da primavera – "EE-ah-tra" ou "Eostre". Festivais para celebrar o nascimento da primavera eram organizados em honra a Eostre no final de março tempo em que o inverno acabava e a primavera começava a brotar no hemisfério norte.
 

 
Eostre evoluiu em inglês para Easter e em alemão para Ostern, que significa Páscoa. Outros associam a palavra Easter com o nascer do sol no Este (Leste).
Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Eostre, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos.
 
Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durante vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moisés, fugiram do Egito. Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão.

Como Calcular a Data: O dia da Páscoa é móvel - não tem data fixa no calendário. Coincide sempre com o primeiro domingo após a primeira lua cheia seguinte ao equinócio de março - a primeira lua cheia do outono, no hemisfério Sul.
A comemoração da Páscoa começa 40 dias antes do Domingo de Páscoa. Tradicionalmente, a Quaresma é um período de penitência e purificação com orações e jejum, em preparação para a celebração da ressurreição de Cristo. Essa tradição de passar por um período de purificação está presente tanto na tradição judaica quanto na cristã: o jejum foi realizado por Moisés, pelo profeta Elias e por Jesus Cristo.


A Igreja Católica extinguiu em 1966 a exigência do jejum - que só continua obrigatório na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa -, mas continua incentivando a solidariedade com os pobres.


Até o séc. VII, a Quaresma começava no Domingo da Quadragésima (quadragesima dies), o quadragésimo dia antes da Páscoa. Contando com os domingos, durante os quais o jejum era interrompido, o número de dias até a Páscoa era inferior a 40.


Para manter a fidelidade ao simbolismo do número 40 (como afirma a Bíblia, 40 anos do povo judeu no deserto, 40 dias de jejum de Cristo), a Igreja antecipou o começo da Quaresma para a quarta-feira anterior ao Domingo da Quadragésima: Dia das Cinzas ou Quarta-Feira de Cinzas. Explica-se o porquê das cinzas: os primeiros cristãos costumavam passar cinzas na cabeça em sinal de humildade e respeito a Deus.


Os Coelhos são outro símbolo constante da Páscoa cristã. Representam a fecundidade, a exuberância e a reprodução da vida, pois são muito férteis. Símbolos de vida e vigor, o coelho e o ovo acabaram se confundindo, a ponto de se achar que os coelhos botam ovos.

Em todo o mundo cristão, costuma-se dar ovos coloridos no dia de Páscoa. Em alguns países do Leste Europeu - Polônia, Ucrânia, Rússia, Hungria e outros -, segue-se a tradição de pintar artisticamente os ovos de várias aves, com motivos alegres e multicoloridos.


Típicos ovos de páscoa do Império Russo.

O ovo simboliza a vida que está a ponto de surgir, a ressurreição do que estava morto e o eterno ciclo de vida e morte no Universo.

A tradição medieval proibia a ingestão de carne vermelha, doces e ovos na Quaresma. Os ovos de Páscoa são, portanto, também um símbolo festivo do final da quarentena.


A Igreja Católica, porém, afirma que os ovos não têm nenhuma relação com os acontecimentos da vida de Cristo ou com a celebração da Páscoa, sejam eles de galinha ou de chocolate.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Mapa Histórico: Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).

Organização da Europa antes do conflito e as alianças bélicas (Aliança e Entente):

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RESUMO:

Causas da Primeira Guerra Mundial:
- Partilha da África e Ásia (insatisfação da Itália e Alemanha que ficaram com territórios pequenos e desvalorizados)
- Concorrência econômica entre as potências européias e corrida armamentista
- Nacionalismos (pan-germanismo e pan-eslavismo) e rivalidades.- Revanchismo Francês
- Revanchismo Francês: Derrota na Guerra Franco-Prussiana, Alsácia-Lorena, coroação de do Kaiser Guilherme no Palácio de Versalhes.

Início da Guerra:
- Estopim (começo) : assassinato do príncipe do Império Austro-Hungaro Francisco Ferdinando
- A guerra espalha-se pela Europa e por outras nações do mundo
- Formação de Alianças: Entente (Inglaterra, França e Rússia) x Aliança ( Itália, Alemanha e Império Austro-Húngaro)
- Brasil participa ao lado da Tríplice Entente, enviando enfermeiros e medicamentos
- Guerra de Trincheiras Novas Tecnologias de Guerra
- A participação das Mulheres como operárias na indústria de armamentos
- Uso de aviões, submarinos e tanques de guerra.

O Fim da Guerra:
- 1917 : entrada dos EUA e derrota da Tríplice Aliança ( Alemanha e Império Austro-Húngaro)
- O Tratado de Versalhes: imposições aos derrotados
- Resultado da Guerra : 10 milhões de mortos / cidades destruídas / Campos arrasados

terça-feira, 9 de março de 2010

Vídeo de apoio: Civilização Islâmica/Muçulmana.

PARTE 1:


PARTE 2:

Vídeo de apoio: Sociedade Aurífera Colonial e Inconfidência Mineira.

Mais um vídeo do Novo Telecurso da Fundação Roberto Marinho, perfeito para os Ensinos Fundamental II e Médio.

PARTE 1:


PARTE 2:

Mapa Histórico: Expansão Islâmica.

Representação cartográfica das etapas da Expansão Islâmica:

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RESUMO:
Foi no tempo das lutas religiosas que apareceu, em Meca, Maomé, fundador da nova religião.

Sob as influências diversas dos cristãos romanos e bizantinos, dos cristãos abissínios, dos masdeanos persas e dos israelitas, viviam então, na Arábia, tribos de semitas nômades e politeístas.

Os árabes, de etnia, lingua e tradições, não estavam localizados exclusivamente na Península da Arábia, mas se encontravam também em grande número nos domínios de Roma, da Pérsia, do Egito.

Esse fato explica a rapidez que caracterizou as conquistas efetuadas pelos quatro primeiros califas, em seguida à morte de Maomé.

Em 632, era ainda restrita a área do Islão em que o Profeta havia pregado; mas, conquistada a Península, a tomada de Madain (637) foi o sinal da derrocada do reino sassânida da Pérsia, consumada em Nehavend, em 643.

Os primeiros califas, amigos de Maomé, residiam na Arábia, em Medina; a dinastia Omíada, que lhes sucedeu em 660, passou a ocupar Damasco, na Síria.

Mais políticos do que chefes religiosos, cogitaram de expansão e riqueza; por eles foi realmente criado o califado monárquico, hereditário e conquistador.

A ocupação da África do Norte, Ifrikia e Magreb, foi obra deles na primeira metade do século VIII. Nestas conquistas, porém, os elementos não eram mais exclusivamente árabes, mas predominantemente berberes, já muito ligados aos árabes no Egito.

Ocupado o Magreb-al-Acsa ou "Extremo Ocidente", o chefe muçulmano Tarik aproveitou uma situação política confusa em Ceuta e atravessou o estreito que hoje conserva o seu nome (Djebel-al-Tarik) e iniciou a conquista da Espanha visigoda (711).

O reino dos francos também chegou a ser invadido; as ilhas do Mediterrâneo Ocidental foram ocupadas. Em 732, porém, foram os invasores batidos em Poitiers, pelo avô de Carlos Magno, Carlos Martel, abandonando, em seguida, a Gália merovíngia. Para muitos pesquisadores a Batalha de Poitiers possui uma importância ímpar na história do cristianismo, pois é considerada como um marco na preservação e ampliação de tal religião na Europa, dando o título de "Protetor do Cristianismo" aos monarcas do Império Carolíngio.

Os muçulmanos (árabes-berberes) do Magreb-al-Acsa desempenharam um papel geográfico importante pela sua penetração no Centro da África. Atravessando o Saara e o Sudão, alcançaram a Nigéria e estabeleceram suas comunicações com o Mediterrâneo.

Do lado da Ásia, isto é, a nordeste do Irã, foram mais difíceis e mais longas as conquistas muçulmanas; na Transoxiana (Amu-Dária) encontraram os árabes a resistência turca. Depois de 750, reinaram os abássidas, que estabeleceram em Bagdá a capital de seu reino.

Mapa Histórico: Cruzadas.

Segue esquema cartográfico das principais Cruzadas medievais, mapa um pouco antigo (do MEC) mas ainda útil:
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RESUMO:
Em sua expansão, o Islamismo ameaçava a Europa cristã. Já haviam os muçulmanos se apossado dos lugares santos de Jerusalém, e, após ocupar todo o Norte da África, chegaram à Península Ibérica.

De um apelo formulado pela Santa Sé (através do papa Urbano II em 1059), surge uma série de expedições feudais — as Cruzadas — de caráter religioso inicialmente, transformadas depois em empreendimentos político-econômicos.

A 1a Cruzada, organizada e dirigida por barões, notadamente franco-normandos, foi a mais bem sucedida. Era uma expedição de cerca de 150 mil cruzados, que, atravessando
vitoriosamente a Ásia Menor, conquista Antioquia, Edessa e Jerusalém.

Para a defesa da Terra Santa deixaram aí Ordens Militares e Religiosas (Templários, Hospitalários de S. João de Jerusalém e Cavaleiros Teutõnicos), que constituíram os exércitos permanentes do Oriente Cristão.

Nova investida muçulmana e os turcos se apoderam de Edessa, reconquistando parte do Principado de Antioquia.

A reação da Europa se faz sentir, com a organização da 2a Cruzada, pelos reis da França e da Alemanha.

Em Constantinopla foram os cruzados mal recebidos e aí mesmo a expedição se divide, embora o objetivo geral fosse Damasco. Os grupos não chegaram lá, pois foram derrotados antes pelos turcos.

A perda de Jerusalém provocou a 3a Cruzada, organizada por três reis. A morte de Frederico Barba-Ruiva deixou a expedição sob comando de Felipe Augusto, da França, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra.

Ao contrário das duas primeiras, esta expedição seguiu sempre por mar. Conseguiram os cruzados, apesar de sempre em desacordo, tomar Chipre e São João D'Acre.

A 4a Cruzada pouco merece este nome, pelo objetivo político-econômico que se cercou. Atendia essa expedição aos objetivos econômicos de Veneza e aos políticos de um imperador bizantino deposto.

Assim, a ação desses cruzados se resumiu em tomar Bizâncio (Constantinopla), fundando aí o Império Latino, que durou mais de meio século (até 1261).

As Cruzadas de S. Luís foram a 7a e 8a; a 5a e 6a não são mencionadas, pela pouca importância que tiveram. As expedições de S. Luís encerram o sentido primitivo do empreendimento religioso.

Quando, em 1244, Jerusalém estava inteiramente sob domínio dos turcos, realiza-se a 7a Cruzada, tendo como objetivo inicial o Egito. Aí S. Luís tomou Damieta, logo depois devolvida, com a derrota de Mansura (1250). Preso, o rei francês foi resgatado por alto preço. A 8a Cruzada, também sob comando de S. Luís, atacou os mulçumanos em Túnis (1270); aí faleceu ele, vítima da peste.