quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Segunda Guerra Mundial (Resumo).

CAUSAS GERAIS:
  • Primeira Guerra Mundial (Tratado de Versalhes) e o revanchismo alemão;
  • Crise de 1929, Grande Depressão;
  • Ascensão dos regimes totalitários (nazi-fascismo e comunismo);
  • Nacionalismos e imperialismo.

POLÍTICAS EXPANSIONISTAS:
  • Na Alemanha, com a implantação do III Reich, o Tratado de Versalhes foi desrespeitado, levando a reorganização das Forças Armadas e ao desenvolvimento da produção de armamentos. Iniciava-se então a política de expansão territorial (“aumento do espaço vital alemão”) proclamada como necessidade de toda a raça germânica (idealizada superior pelos nazistas - arianismo).
  • A expansão alemã iniciou-se em 1938 com o “Anschluss”, ou seja, a união da Áustria e da Alemanha. Em seguida foi anexada a região dos Sudetos (Tchecoslováquia). A ocupação da região foi aprovada pela Conferência de Munique (Alemanha, Itália, França e Inglaterra). Em 1939 a Alemanha realiza um acordo com Itália e Japão – surgindo assim o EIXO ( Roma, Berlim, Tóquio).

Cartaz do partido nazi austríaco, facorável ao Anschluss.
  • Já o governo fascista da Itália conquistou a Abissínia (Etiópia) e a Albânia.
  • No extremo oriente, o Império do Japão anexava a Manchúria e outras regiões da China e Pacífico.
POLÍTICA DE APAZIGUAMENTO:
  • Enquanto os países do EIXO realizavam suas expansões territoriais, e colocando em risco a paz mundial, a Liga das Nações (França e Inglaterra especialmente) limitava-se à pequenas reprimendas – procurando evitar a guerra. No entanto, a ausência de medidas mais duras só contribuíam para o fortalecimento do EIXO. A própria Conferência de Munique é um exemplo da política de apaziguamento.

1° Ministro britânico Neville Chamberlain e o "führer" alemão Adolf Hitler na Conferência de Munique.
  • O “apaziguamento” foi considerado por soviéticos como um meio de barrar o comunismo, fortalecendo os radicalismos nazi-fascistas e japoneses.

POLÍTICA DE NEUTRALIDADE:
  • Postura internacional adotada pelos Estados Unidos da América – muito mais preocupados em solucionar os efeitos internos da crise de 1929 – que não interferiram nas relações políticas da Europa até o ataque a Pearl Harbor.

POLÍTICA DE ISOLAMENTO:
  • A União Soviética encontrava-se isolada nas relações - e decisões – políticas, pelo fato do regime comunista, imposto desde 1917. A URSS ainda acreditava que a política do apaziguamento servia para jogar a Alemanha contra ela (exemplificada na Conferência de Munique).
  • Procurando romper seu isolamento, a URSS assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha. Este pacto, denominado Ribbentrop-Molotov, atendia aos interesses da URSS, livrando-a, inicialmente, de uma agressão alemã e conseguindo maior tempo para se preparar; e beneficiava a Alemanha, que evitava uma guerra com duas frentes (oriental e ocidental). Porém, tanto comunistas quanto nazistas sabiam que o tratado teria curta duração. Garantida a neutralidade da URSS, a Alemanha, em 1° de setembro de 1939, invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra.

Molotov, Stálin (em pé) e Ribbentrop (sentado) na assinatura do tratado; Charge da época satirizando o acordo nazi-comunista; Hitler e Stálin, duas faces do mesmo totalitarismo.

A GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939):
  • Primórdio (ou Ensaio) da Segunda Guerra, envolveu fascistas espanhóis e republicanos (de maioria socialista). As tensões iniciaram-se em 1931, com a abdicação do rei Afonso XIII, em virtude das pressões que exigiam uma república. Com a abdicação, instalou-se uma república liberal. A nascente república espanhola passa por graves problemas políticos: reação da antiga elite dominante, anticlericalismo acentuado, autonomismos regionais (como o caso do País Basco e Catalunha) e crescimento dos movimentos populares. Neste contexto surge um grupo conservador, de extrema direita, com aspectos fascistas – a Falange.
  • Nas eleições de 1936, a Frente Popular – composta por liberais, socialistas, anarquistas e comunistas – venceu e procurou efetivar um conjunto de reformas sociais. Porém, muitos militantes comunistas vandalizaram patrimônios e jazigos de congregações salesianas em várias cidades espanholas, provocando grande repúdio popular num país tradicionalmente católico. Em 18 de julho do mesmo ano, o general Francisco Franco iniciou uma revolta contra a república. Contou com o apóio da Falange, dos latifundiários, da Igreja e da classe média urbana.
  • A Guerra Civil Espanhola foi extremamente violenta e contou com a participação internacional. A Frente Popular recebeu apoio da União Soviética e das Brigadas Internacionais (compostas por pessoas de diversos países, inclusive de comunistas brasileiros); já a Falange conta com o apóio da Alemanha, Itália e Portugal. A ajuda da Itália e Alemanha foi decisiva para a vitória de Franco, iniciando-se na Espanha um Estado de características fascistas - o Franquismo

Militantes comunistas atirando contra estátua de Cristo; Sepulturas de sacerdotes e freiras violadas; General Franco, líder direitista; Guernica, obra de Pablo Picasso que ilustra os bombardeios da Luftwäffe sobre cidade de mesmo nome.

FASES DA GUERRA:
  • A primeira fase da guerra foi marcada pelas vitórias do EIXO – de 1939 a 1941. A Alemanha adotou a Blitzkrieg – “guerra-relâmpago”- tática de operação combinada (naval, aérea e terrestre).
  • A Alemanha ocupou a Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França. A França, após a invasão, ficou dividida em duas áreas: uma zona de ocupação pelos nazistas e uma zona “livre”, governada pelos simpatizantes do nazismo (a República, ou Colaboracionismo, de Vichy). Grupos revoltosos se reorganizaram em Londres e na Argélia, formando um governo de exílio chamado “França Livre”, liderado pelo general Charles de Gaulle.

Charles de Gaulle, líder da Resistência Francesa e presidente entre 1959 e 1969.
  • Em agosto de 1940 iniciou-se o ataque a Grã-Bretanha, neutralizada pela ação da RAF (força aérea britânica).
  • Em 1941 o EIXO recebeu apoio da Hungria, Romênia e Bulgária, houve a ocupação da Iugoslávia e da Grécia. No mesmo ano houve o desembarque da Afrikakorps (comandada por Rommel) com o objetivo de conquistar o canal de Suez.
  • Em junho de 1941 a Alemanha deu início à Operação Barbarossa – a invasão da União Soviética. A ofensiva nazista, inicialmente, foi vitoriosa.

Vista aérea de Stalingrado durante invasão alemã.
  • Em dezembro de 1941, o Japão durante seu expansionismo pela Ásia, atacou Pearl Harbor – fato que marca a entrada dos EUA no conflito.

Ataque a Pearl Harbor.
  • Entre 1943 e 1945 a guerra é marcada pela vitória das forças contrárias ao EIXO.
  • Conferência de Teerã: Dezembro de 1943, primeira reunião dos líderes dos ALIADOS, Churchill (Grã-Bretanha), Roosevelt (EUA) e Stalin (União Soviética). Selaram a decisão do Dia D, formularam a criação de organismo internacional para preservar a paz mundial e decidiram dividir a Alemanha em zonas de influência.
  • A Batalha de Stalingrado, vencida pelos soviéticos, marca o início da derrocada dos nazistas; em 06 de junho de 1944 inicia-se a Operação Overlord (Dia D) e o desembarque dos aliados na Normandia. A Itália já havia se retirado do conflito em julho de 1943, após a derrota para os ALIADOS, estes contando com a participação do Brasil através da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que atuou no sul da península itálica, tendo Monte Castelo como batalha mais conhecida.

Desembarque dos Aliados na Normandia (França), o Dia D, Operação Overlord.
  • O Japão cede em 1945 após os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki.

AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA:
  • A Segunda Guerra provocou notável desenvolvimento da indústria bélica e um grande número de mortes: a União Soviética teve 20 milhões de mortos; 6 milhões de alemães; 1,2 milhões de mortos japoneses; e o holocausto judeu, nos campos de concentração nazistas, chegou a cerca de 17 milhões de vítimas.
  • Reuniões dos ALIADOS, procurando reorganizar o mapa político alterado pela guerra. As conferências e suas principais decisões foram: Conferência do Cairo: Realizada ainda durante a guerra (1943), reuniu Churchill (Grã-Bretanha), Roosevelt (EUA) e Chang Kai-Chek (China) que discutiram o mapa da Ásia – alterado pelo Japão. Conferência de Ialta: Com a participação de Churchill (Grã-Bretanha), Roosevelt (EUA) e Stalin (URSS), que confirmaram a divisão da Alemanha e dividiram a Coréia em zonas de influência: o Sul controlado pelos EUA e o Norte pela União Soviética. Conferência de Potsdam: Participação de Clement Attlee (Grã-Bretanha), Harry Truman (EUA) e Stalin (URSS). Efetivou a divisão da Alemanha em zonas de influência, a criação de um tribunal para julgar os crimes nazistas (Tribunal de Nuremberg) e estipulado uma indenização de 20 bilhões de doláres à Inglaterra, URSS, França e EUA.

Os "três grandes" da Conferência de Yalta: Churchill, Roosevelt e Stálin.
  • A criação da ONU.
  • O Plano Marshall, plano de ajuda econômica dos EUA para recuperar a economia européia. A nação que quisesse receber a ajuda deveria combater, internamente, o avanço das idéias comunistas;
  • A Guerra Fria, um conflito ideológico entre o capitalismo, sob a liderança dos EUA, e o comunismo, liderado pela União Soviética. A Guerra Fria foi inaugurada pela Doutrina Truman, que justificava uma intervenção militar para evitar que os comunistas chegassem ao poder em qualquer país.
  • Os processos de descolonização da Ásia e da África.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL:
  • A situação brasileira, inicialmente, se mostrava indefinida. Ao mesmo tempo em que Vargas contraía empréstimos com os EUA, comandava um governo simpatizante pelo totalitarismo nazi-fascista. Dessa maneira, os norte-americanos viam com preocupação a possibilidade do Brasil apoiar os nazistas cedendo pontos estratégicos que poderiam, por exemplo, garantir a vitória do Eixo no continente africano.
  • A preocupação norte-americana proporcionou a Getúlio Vargas a liberação de um empréstimo de 20 milhões de dólares para a construção da Usina de Volta Redonda. Em 1942, os EUA entraram nos fronts da 2ª Guerra e, com isso, pressionou politicamente para que o Brasil entrasse com suas tropas ao seu lado. Pouco tempo depois, o afundamento de navegações brasileiras por submarinos alemães gerou vários protestos contra as forças armadas.
  • Dessa maneira, Getúlio Vargas declarou guerra contra o EIXO em agosto de 1942. Politicamente, o país buscava ampliar seu prestígio junto aos EUA e reforçar sua aliança política com os militares. Foi organizada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), destacamento militar que lutaria na 2ª Guerra Mundial. Somente em 1944 as tropas começaram a ser enviadas, inclusive com o auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB).
  • A principal ação militar brasileira aconteceu principalmente na organização da campanha da Itália, onde os brasileiros foram para o combate ao lado das forças estadunidenses. Nesse breve período de tempo, mais de 25 mil soldados brasileiros foram enviados para a Europa. Apesar de entrarem em conflito com forças nazistas de segunda linha, o desempenho da FEB e da FAB foi considerado satisfatório, com a perda de 943 homens.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vídeo: Revoluções Burguesas (Inglesa, Francesa e Americanas).

Segue mais um vídeo da Fundação Roberto Marinho para auxiliá-los nos estudos.

PARTE 1:


PARTE 2:

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vídeos: Redemocratização do Brasil.

Segue alguns vídeos da Fundação Roberto Marinho sobre a Redemocratização do Brasil. Primeiro um panorama sobre os últimos governos militares (Geisel e Figueiredo), depois a fundação da Nova República e seu desenrolar.

GEISEL E FIGUEIREDO (PARTE 1):


GEISEL E FIGUEIREDO (PARTE 2):


NOVA REPÚBLICA (PARTE 1):


NOVA REPÚBLICA (PARTE 2):

Primeira Guerra Mundial (resumo).

Causas do conflito:

A disputa colonial: buscando novos mercados para a venda de seus produtos, os países industrializados entravam em choque pela conquista de colônias na África e na Ásia.

Concorrência econômica: cada um dos grandes países industrializados dificultara a expansão econômica do país concorrente. Essa briga econômica foi especialmente intensa entre Inglaterra e Alemanha.

A disputa nacionalista: em diversas regiões da Europa surgiram movimentos nacionalistas que pretendiam agrupar sob um mesmo Estado os povos de raízes culturais semelhantes. O nacionalismo exaltado provocava um desejo de expansão territorial.


Movimentos nacionalistas:
Pan-eslavismo: buscava a união de todos os povos eslavos da Europa oriental. Era liderado pela Rússia.
Pan-germanismo: buscava a expansão da Alemanha através dos territórios ocupados por povos germânicos da Europa central. Era liderado pela Alemanha.
Revanchismo francês: visava desforrar a derrota francesa para a Alemanha em 1870 (Guerra Franco-Prussiana) e recuperar os territórios da Alsácia-Lorena, cedidos aos alemães.
Essa situação conflituosa deu origem à chamada Paz Armada. Como o risco de guerra era bastante grande, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos.

A política das alianças:
O clima de tensão internacional levou as grandes potências a firmar tratados de alianças com certos países. O objetivo desses tratados era somar forças para enfrentar as potências rivais.
A Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália.
A Tríplice Entente: formada por Inglaterra, França e Rússia (posteriormente EUA).

A explosão do conflito:
Assassinato de Francisco Ferdinando (Sarajevo, Bósnia, 28/06/1914) por um militante do separatismo sérvio, ligado indiretamente a Rússia: foi o estopim que detonou a Primeira Guerra Mundial, quando as tensões entre os dois blocos de países haviam crescido a um nível insuportável.
Principais fases:
primeira fase (1914/1915) movimentação de tropas e equilíbrio entre as forças rivais; segunda fase (1915/1917) guerra de trincheiras;
terceira fase (1917-1918) entrada dos Estados Unidos, ao lado da França e da Inglaterra, e derrota da Alemanha.
Entrada da Itália – A Itália, membro da Tríplice Aliança, manteve-se neutra até que, em 1915, sob promessa de receber territórios austríacos, entro na guerra ao lado de franceses e ingleses.
Saída da Rússia – Com o triunfo da Revol
ução Socialista Russa de 1917, onde os bolcheviques estabeleceram-se no poder, foi assinado um acordo com a Alemanha para oficializar sua retirada do grande conflito. Este acordo chamou-se Tratado de Brest-Litovsk, que impôs duras condições para a Rússia.
Entrada dos Estados Unidos – Os norte-americanos tinham muito investimentos nesta guerra com seus aliados (Inglaterra e França). Era preciso garantir o recebimento de tais investimentos. Utilizou-se como pretexto o afundamento do navio “Lusitânia”, que conduzia passageiros norte-americanos.
Participação do Brasil – Os alemães, diante da superioridade naval da Inglaterra, resolveram empreender uma guerra submarina sem restrições. Na noite de 3 de abril de 1917, o navio brasileiro “Paraná” foi atacado pelos submarinos alemães perto de Barfleur, na França. O Brasil, presidido por Wenceslau Brás, rompeu as relações com Berlim e revogou sua neutralidade na guerra. Novos navios brasileiros foram afundados. No dia 25 de outubro, quando recebeu a noticia do afundamento do navio “Macau”, o Brasil declarou guerra à Alemanha. Enviou auxilio a esquadra inglesa no policiamento do Atlântico e no estreito de Gibraltar (“Batalha das Toninhas”), e uma missão médica.

Conseqüências da guerra:
Revolução Russa de 1917 e surgimento da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas); O Tratado de Versalhes;
Desmembramento do Império Austro-Húngaro e o surgimento de novas nações; Fortalecimento do militarismo francês, em decorrência do desarmamento alemão;
A Inglaterra dividiu sua hegemonia marítima com os Estados Unidos;
O enriquecimento dos Estados Unidos;
Criação da Liga das Nações (embrião da ONU);
A depreciação do marco alemão, que baixou à milionésima parte do valor, e a baixa do franco e do dólar;
A crise econômica de 1929, Grande Depressão, quebra da bolsa de Nova York;
O surgimento do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha (revanchismo alemão);
Segunda Guerra Mundial.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O cangaço.

Entre os séculos 19 e meados do 20, um tipo específico de banditismo se desenvolveu no sertão nordestino: o cangaço. Os cangaceiros - bandos de malfeitores, ladrões, assassinos, bem armados, conhecedores da região - saqueavam fazendas, povoados e cidades, impunemente, ou, pior, impondo sua própria lei à região em que atuavam. Para isso, contavam com o isolamento do sertão, com o tradicional descaso e a incompetência das autoridades constituídas, bem como com a conivência ou proteção de vários chefes políticos locais, os grandes proprietários rurais, conhecidos como "coronéis".


O cangaceiro tornou-se personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região. Tal mito contou com a colaboração clichê de acadêmicos marxistas, os quais comparavam o cangaço como uma resistência ao coronelismo vigente. Muita gente inocente, diferente do que a mitologia sertaneja divulga, carregou sequelas das atrocidades cometidas pelos cangaceiros, como marcas a ferro, castrações, amputações, diversas perfurações no corpo.

Nesse sentido - heróico/mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das comunidades carentes.


TIPOS DE CANGAÇO:
Mas, de acordo com a obra "Guerreiros do Sol" de Frederico Pernambucano de Mello, o cangaço se dividia em três correntes: O Vingador, de contrato e o Meio de Vida. O primeiro é o modelo clássico, que rendeu a idéia mítica de benfeitorias dos cangaceiros no imaginário popular sertanejo. O segundo era de serventia aos coronéis interioranos, contratando hostes cangaceiras como jagunços (na maioria dos casos, o cangaço nada mais era que um tipo de evolução dessa profissão). O terceiro foi o estilo mais comum, do qual Lampião fez parte, muito semelhante a criminalidade atual do tráfico no RJ ou SP.

Contribuíram para sua fama a violência e a ousadia, que o levaram a empreender ataques até a cidades relativamente grandes do sertão, como Mossoró (RN), em 13 de junho de 1927. Nesse caso, em especial, o ataque fr
acassou, pois a população local se entrincheirou na cidade e repeliu o ataque. O mesmo não aconteceu em Limoeiro do Norte (CE) ou Queimadas (BA), que o bando de Lampião tomou por alguns dias saqueando, matando indiscriminadamente, e impondo a sua vontade pelo tempo que ali permaneceu.

AS VOLANTES:
O agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e cujos métodos de atuação - em especial em relação à população pobre - não era muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros.
De qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas, finalmente contando com apoio decisivo do Governo Federal (Getúlio Vargas), que enviou novas armas, muitas herdeiras do progresso bélico da 1ª Guerra Mundial, se empenhou na captura de Lampião. Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe. Depois de vinte minutos de tiroteio, cerca de 40 cangaceiros conseguiram escapar, mas onze foram mortos, entre eles o líder do bando e sua mulher, conhecida como Maria Bonita. Para se ter uma idéia do caráter violento da sociedade em que isso aconteceu, vale mencionar que os onze mortos foram decapitados e suas cabeças, levadas para Salvador (BA), ficaram expostas no museu Nina Rodrigues até 1968 - quando foram finalmente sepultadas.

O FIM DO CANGAÇO:

Lugar-tenente de Lampião, o cangaceiro Corisco jurou vingança e continuou a atuar até maio de 1940, quando também foi morto num cerco policial. Na década de 40, o Brasil passava por grandes transformações econômicas e sociais, promovidas pela industrialização. A evolução dos meios de transporte e comunicação integravam pouco a pouco o sertão ao resto do país. De resto, a necessidade de mão de obra nas fábricas do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a atrair a população do semi-árido. Assim, as diversas circunstâncias que originaram o cangaço desapareceram junto com ele.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Os Desenhos de Nazca.

Descoberto em 1941, os enigmáticos geoglifos do deserto de Nazca, sul do Peru, é até hoje uma fonte de inspirações para os mais variados pesquisadores.

Estes desenhos se encontram numa área repleta de marcas de quilômetros de comprimento, que se entrecruzam e somem no horizonte, parecendo um gigantesco papel de rascunho.

Os magníficos desenhos foram feitos há séculos e de uma forma simples: raspando o solo. O chão do deserto é coberto por uma fina camada de rochas e seixos vulcânicos que, devido a longa exposição à atmosfera, tem uma coloração escura, negra. Pouco abaixo desse revestimento está a base de argila e areia amarela. Os "artistas" do passado simplesmente removeram alguns centímetros de rocha para deixar os traços. Até a natureza, que poderia apagar para sempre os perfeitos geóglifos, ajudam na conservação do imenso quadro. A região é uma das mais secas do planeta, chovendo em média 15 minutos por ano; e as rochas escuras no solo absorvem o forte calor vindo da energia solar e formam uma camada de ar quente e parado na superfície, evitando assim a erosão pelo vento. Por isso os caminhos muito utilizados por carros e pessoas também ficam gravados no solo.

Quem observa as figuras fica impressionado. a maioria delas é tão grande que só é possível admirá-las do céu. São trapezóides, espirais, inúmeras linhas retas, algumas paralelas, que se estendem por quilômetros de extensão, e aproximadamente 300 figuras. São animais diversos, entre eles uma aranha de 46 metros, um réptil de 188 metros e 18 pássaros, cujos tamanhos variam de 8 a 130 metros. Também destacam-se o cão, a iguana, o macaco, a flor ou estrela, figuras de peixes (o mar fica a 50 km do deserto) e um pássaro estilizado de mais ou menos 280 metros de extensão, com um pescoço de cobra e um bico que, além de ser mais comprido do que o rabo, corpo e pescoço juntos, aponta para o sol nascente no dia do solstício de inverno. Além de figuras de animais, foram encontradas figuras de homens de aproximadamente 30 metros de altura.


Um dos "homens" de Nazca

Uma das hipóteses, é de que as linhas tem uma relação com a astronomia, ou seja, que são um calendário gigantesco, pois várias linhas apontam para a direção do nascimento e por-do-sol nos solstícios de inverno e verão e equinócio da primavera e outono, assim como para os locais no horizonte que assinalam o aparecimento sazonal das principais estrelas, que poderia indicar as estações do ano para os antigos habitantes daquela área.

Em contrapartida, a esta teoria, efetuando-se um levantamento das linhas e, com a ajuda de computadores, determinou-se que, astronomicamente falando, os traços são aleatórios, ou seja, não existe uma relação direta e única com os diversos corpos celestes, mas mesmo assim, os astrônomos concordam que várias linhas estão ligadas a fenômenos astrológicos.

Uma das teorias mais polêmicas e não muito aceita em meios acadêmicos, inspirada nas idéias de Erich Von Daeniken de "Eram os Deuses Astronautas?", seria a visita de extraterrestres à Terra na pré-história, onde construíram 2 pistas de pouso para aeronaves e, após finalizarem sua missão no nosso planeta, partiram. Como as tribos pré-incaicas queriam o retorno de seus "deuses", os extraterrestres, traçaram novas linhas no deserto da mesma forma que haviam visto os "deuses" traçarem.

Os desenhos representando animais, seriam sinalizações aéreas indicando o tipo de energia ou vibração existente no local.

Um animal com freqüência baixa, como a aranha, sinaliza este nível de vibração, já um beija-flor, uma energia acelerada. Seriam pictografias para comunicação visual rápida para os pilotos de naves. Devido as constantes mudanças de eixo da Terra, pode ser que hoje este locais não apresentem as mesmas características do passado.

Enfim, o mistério permanece enquanto isso, as linhas de Nazca continuam no árido deserto peruano, nos mostrando que ainda existem muitas coisas que não sabemos sobre o passado.

Figuras geométricas (ou as "pistas") de Nazca

TEXTO ADAPTADO (www.portaldobruxo.com)

domingo, 19 de setembro de 2010

A presença da cultura judaica no cotidiano do Nordeste.

Atendendo a pedidos, estou postando o vídeo-documentário, sobre a influência do judaísmo na cultura nordestina, A Estrela Oculta do Sertão. No interior do Nordeste, como também de outras regiões sertanejas brasileiras, é comum certas práticas e costumes, de origem desconhecida para muitos. Por isso, os idealizadores desse projeto buscam explicações para alguns comportamentos simples mas com forte presença no nosso cotidiano, muitos deles desde períodos medievais.

PARTE 1:


PARTE 2:

Direção - Elaine Eiger e Luize Valente
Ano - 2005

domingo, 5 de setembro de 2010

Povos pré-colombianos: Incas.

Compunham, principalmente as tribos Quéchuas, Aymará, Yunka, etc, que formavam, segundo os espanhóis o Império dos Incas, denominação derivada da família reinante pertencente à tribo dos Qchuas, a principal do império. Habitavam a região hoje ocupada pelo Equador, Peru, norte do Chile, Oeste da Bolívia e noroeste da Argentina. Mais de dez milhões de cidadãos haviam se fundido nesta unidade política e cultural que era de elevado nível. Fisicamente os Incas eram de pequena estatura, pele morena, variando do moreno claro ao escuro, cabelos pretos e lisos quase imberbes. Quanto a organização social e política segundo o testemunho espanhol, eles eram perfeitos, possuidores de espírito comunitários.

Adoravam o Sol reencarnado em cada Inca ou imperador, que era filho do Grande Sol, o Sapa Inca, deste modo o Imperador era considerado deus dentre o povo. Os mortos eram sepultados não somente em templos, mas também em torres túmulos e covos (denominados Chullpas). Os templos dos Incas não eram mais do que habitações de maiores dimensões e eram construídas as superfícies da terra. Um dos aspectos que mais se salientam na cultura incaica é a solução que deram para o problema das comunicações, que apresentavam sérias dificuldades na região dos Andes. Estabeleceram uma complexa rede de caminhos e um corpo permanente de mensageiros (Tiasques) encarregados de transmitirem as noticias. Praticamente a agricultura que havia atingido entre eles, notável desenvolvimento, demonstrado pelas obras de irrigação. Os Incas empregavam fartamente os metais, cobre, bronze, ouro, prata, o que despertou a cobiça dos conquistadores.

Plataformas agrícolas nas encostas de montanhas; Tumis (faca inca)
Em 1553, o país foi conquistado por Pizarro e submetido à coroa espanhola. A cultura Inca foi totalmente destruída e, na atualidade restam apenas ruínas de seus grandiosos monumentos templos e palácios.

Durante muito tempo a historiografia abordou o Estado inca como um "paraíso perdido", no qual inexistia a fome, a
exploração e a violência. Estes fatos incentivaram a imaginação dos novelistas, estudiosos e pesquisadores, que procuraram descobrir influências de extraterrestres ou a construção do primeiro Estado comunista em terras americanas.

CARACTERÍSTICAS:

O estado mantinha um sistema tributário que cobrava tributos para manter os velhos e os doentes, e para fornecer alimentos nas épocas de má colheita, com um soberano, que a ideologia inca dizia ser o filho do sol (o sol lhe outorgava proteção divina e ordem social).
Representação do Sapa inca Atahualpa
Realmente é extraordinário que uma civilização tenha se estendido por 4000 quilômetros ao longo da Cordilheira dos Andes sem dispor da roda nem duma boa malha hidroviária para transportar os excedentes agrícolas, que foi o que causou o aparecimento das civilizações em outras partes, pois os Incas com suas técnicas de engenharia fizeram obras que seriam uma árdua tarefa mesmo para a engenharia moderna .

Ruínas de paredes no Peru; Sistema de canais para irrigação; Vista de Macchu Picchu

Os incas eram construtores exímios. Sem o auxílio da argamassa, edificaram paredes tão perfeitamente ajustadas que era impossível introduzir a lâmina de uma faca entre as pedras . Milhares quilômetros de estradas ligavam as quatro províncias ou confins como as chamavam, à Cuzco a capital, era superior a tudo o que existia à data na Europa. Embora o pavimento de pedras lisas pudesse ter sido concebido para veículos, numa sociedade sem cavalos e sem roda todos andavam a pé. Estas estradas transpunham rios por meio de pontes pênseis, eram tão sólidas que muitas delas foram usadas ainda no século XX.

Uma sociedade que tributava as pessoas e não a produção devia possuir um sofisticado esquema de controle. O Estado inca conhecia a quantidade de homens, mulheres e crianças de cada ayllu, conhecia o número de indivíduos com que podia contar para montar um exército sem afetar a produção, sabia quanta mão-de-obra era necessária para construir uma ponte e onde requisitá-la. Sabia das necessidades de alimento, roupas e armas para sustentar os mitamáes.
Quipo

O segredo dessa contabilidade sem computadores são os quipos, logos cordões aos quais eram amarrados uma multiplicidade de cordõeszinhos, onde se fazia diferentes tipos de nós, como sinais. Os quipucamayucs eram responsáveis por essa contabilidade e caso cometessem qualquer erro ou na confecção ou na leitura, pagavam com a morte.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Povos pré-colombianos: Astecas.

Povo guerreiro, os astecas habitaram a região do atual México entre os séculos XIV e XVI.. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), numa região de pântanos, próxima do lago Texcoco.

Representação aérea da capital asteca (clique na imagem para ampliar)
A atual bandeira do México tem como brasão uma representação da lenda de fundação de Tenochtitlán. Seria uma imagem vista pelos fundadores que estavam a migrar em busca de um lugar ideal para se instalarem. Ao verem a cena da águia se alimentando de uma cobra, interpretaram como um sinal divino, o sacrifício de uma divindade, jogando seu sangue naquele solo que haveria de ser sagrado.

Monumento localizado no centro da Cidade do México; brasão e bandeira do México, respectivamente (clique nas imagens para ampliá-las)
A sociedade asteca era hierarquizada e comandada por um imperador, chefe do exército e da religião asteca. A nobreza era também formada por sacerdotes e chefes militares. Os camponeses, artesãos e trabalhadores urbanos compunham grande parte da população. Tinham também escravos, oriundos de conflitos com tribos próximas. Esta camada mais baixa da sociedade era obrigada a exercer um trabalho compulsório para o imperador e em obras públicas (canais de irrigação, estradas, templos, pirâmides). Os guerreiros de povos vizinhos derrotados, eram sacrificados no topo das pirâmides, em honra ao panteão asteca.

Durante o governo do imperador Montezuma II (início do século XVI), o império asteca chegou a ser formado por aproximadamente 500 cidades, que pagavam altos impostos para o imperador. O império asteca começou a ser destruído em 1519 com as invasões espanholas. Os espanhóis, liderados por Hernan (ou Fernão) Cortez, dominaram os astecas e tomaram grande parte dos objetos de ouro dos astecas. Não satisfeitos, ainda escravizaram os astecas, forçando-os a trabalharem nas minas de ouro e prata da região. O próprio Cortez, em carta ao rei espanhol Carlos V, registrou a mortandade provocada pelos espanhóis. Com plena vantagem tecnológica, mas inferioridade numérica (3000 astecas contra 200 espanhóis), dizimaram toda a defesa de Tenochtitlán em apenas uma batalha, graças às armas de fogo (canhões - muitos nativos tinham pavor do barulhos das explosões, achavam que o "homem branco" dominava os trovões), espadas e cavalos, enquanto os nativos usavam ferramentas rústicas em comparação a superioridade européia.

Representação de um dos encontros entre o comandante espanhol Hernan Cortez e o imperador asteca Montezuma.
Os astecas desenvolveram muito as técnicas agrícolas, construindo obras de drenagem e as "chinampas" (ilhas de cultivo), onde plantavam e colhiam milho, pimenta, tomate, cacau etc. A técnica das "chinampas" ainda é utilizada pelas populações ribeirinhas, de zonas alagadiças, do atual México. As sementes de cacau, por exemplo, eram usadas como moedas pelos astecas.

Esquema e foto das "chinampas".
O artesanato asteca era riquíssimo, destacando-se a confecção de tecidos, objetos de ouro e prata e artigos com pinturas. A religião asteca era politeísta. Cultuavam diversos deuses da natureza (Deus Sol, Lua, Trovão, Chuva) e um dos principais deuses era representado por uma Serpente Emplumada (Quetzalcoalt). A escrita asteca era representada por desenhos e símbolos.

Quetzalcoalt
O calendário maia foi utilizado com modificões pelos astecas. Desenvolveram diversos conceitos matemáticos e de astronomia, as escadarias das pirâmides continham 365 degraus, uma alusão aos dias do ano.

Na arquitetura, construíram enormes pirâmides utilizadas para cultos religiosos e sacrifícios humanos. Estes, eram realizados em datas específicas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiam deixar os deuses mais calmos e felizes, além de garantir uma boa safra agrícola.

Representação, feita por um padre espanhol, no século XVI, sobre o ato dos sacrifícios humanos e foto da pirâmide maia de Chichen Itza.