domingo, 5 de junho de 2011

Revolução Meiji

Historicamente, o Japão esteve isolado do Ocidente até a chegada das primeiras embarcações mercantilistas portuguesas, em 1542. Esse primeiro contato não teve efeitos positivos, principalmente por causa dos interesses lusitanos em propagar o cristianismo entre os japoneses pela ação dos jesuítas. Na primeira metade do século XVII, o governo nipônico realizou a execução de milhares de cristãos japoneses e determinou o fechamento dos portos.

Entre os séculos XVII e XIX, o Japão era controlado pelo xogum (shogun), uma espécie de primeiro-ministro de poder hereditário que tinha amplos poderes. Além disso, observamos a presença de uma ampla aristocracia (damaios) que exercia o poder local (fragmentado em pequenos feudos chamados "damiôs") através dos samurais (aqueles que servem), uma classe de guerreiros
profissionais, durante muito tempo guardas pessoais do imperador. Inicialmente eram meros coletores de impostos, mas precisaram impor força para enfrentar resistências camponesas, com isso, viraram uma espécie de casta militar japonesa. Os samurais eram extremamente orgulhosos, durante a repressão da dinastia Meiji, muitos praticaram o "seppuku", ou "arakiri", o suicídio honrado, pois não toleravam viver carregando vergonha no caráter. Ao longo do tempo, o domínio da família Tokugawa sob o xogunato (shogunato) acabou desenvolvendo uma frequente disputa de poder com os grandes proprietários.

Representação dos samurais japoneses.


Yoshinaba Tokugawa, o último shogun

A Restauração Meiji tinha como um dos principais objetivos a queda do Shogunato – que mantinha o país em uma forma de governo sob o comando ditatorial e praticamente mergulhado em um sistema feudal – para a concentração de poderes nas mãos do imperador e completar a ocidentalização japonesa sem resistências do conservadorismo aristocrata. O extermínio dos samurais e a vitória sobre os últimos damaios e shoguns, foi representado (com a licença poética típica de Hollywood) no filme "O Último Samurai" de 2003.

O imperador Meiji


Cartaz do filme "O Último Samurai" de 2003.

Porém, com isso, a classe dos samurais, que havia ganhado grandes privilégios e um do status mais invejável dentro da sociedade, perderam tudo o que tinham e muitos se tornaram vagabundos andantes, os chamados "Rurouni".

A partir de 1850, as nações ocidentais passaram a desenvolver estratégias políticas que pressionavam a abertura política e econômica japonesa. Em 1854, sob o comando do almirante Perry, uma esquadra norte-americana impôs a abertura dos portos nipônicos ao mercado mundial. Por meio de sérias ameaças militares, os japoneses foram obrigados a assinar tratados comerciais com diferentes países.


Buscando reagir ao processo de dominação, os japoneses permitiram que seus jovens fossem enviados à Europa e os Estados Unidos para estudarem em universidades voltadas para os campos de ciência e tecnologia. Com o passar do tempo, a população japonesa começou a dominar o conhecimento necessário para a criação de suas primeiras indústrias. Em pouco tempo, esse projeto de modernização também foi seguido pelo campo político, com a chamada Revolução Meiji.

Soldados modernizados (armas de fogo).

Manifestações de cunho nacionalista passaram a se opor ao domínio absoluto do xogunato. Dessa forma, com o apoio do Exército e da Marinha, Mitsuhito, o imperador Meiji, empreendeu uma série de reformas que deram uma nova feição política ao Japão. O antigo poder político dos donos de terra foi substituído por um sistema de prefeituras locais subordinadas ao poder central. Além disso, houve a instalação de um Poder Legislativo formado por um parlamento bicameral.


A partir desse novo momento, as atividades econômicas se voltaram para o desenvolvimento agrícola e a formação de uma consistente indústria de base. Paralelamente, um novo sistema de cobrança tributário permitiu que o governo arrecadasse impostos que ampliaram a realização de investimentos na economia e o incremento de suas forças armadas. A Revolução Meiji está inserida dentro do contexto da Segunda Revolução Industrial, que ampliou a modernização tecnológica comercial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, para outras
nações, como Alemanha, França, Itália, Bélgica, EUA e Japão, além de inovar com máquinas de transformação, novas fontes de energia (fósseis, elétrica) e progresso dos transportes e comunicações.

O imperador Meiji recebe o czar russo.

Em pouco tempo, o Japão se transformou em um belo exemplo de modernização nos campos político e industrial para todo o Oriente. Já nos fins do século XIX, os japoneses passaram a integrar o movimento imperialista realizando a dominação de territórios na China, na Coreia e na Ilha de Formosa (atual Taiwan). No início do século XX, a vitória militar contra os russos consolidou o Japão enquanto potência imperialista e principal rival econômica dos Estados Unidos na região do Pacífico.